Nas
nações que decidiram enfrentar com sinceridade o desafio de
progredirem, as faculdades foram ocupadas pelos excelentes, e eles
desenvolveram tecnologia e melhorias de gestão que criaram empregos de
maior valor agregado para os seus compatriotas menos preparados.
Findas as olimpíadas, os brasileiros estão a resmungar nos botecos, entre goles de chopp e mordiscadas em chochas batatas fritas, sobre o presumivelmente eterno fiasco dos nossos atletas. Quanta incoerência! Para tudo o mais, se um título justo merecemos, é o de honra ao demérito, por prestigiarmos a anticompetitividade a todo custo!
Abaixo
a competição! Abaixo a concorrência! Jamais os brasileiros têm
aplaudido tanto a incompetência quanto nos dias atuais: são as cotas
para negros e para alunos da rede pública; as cotas de emprego para
deficientes (e, em breve, também para negros e egressos do sistema
público de ensino); o bizarro e mundialmente único projeto de emenda
constitucional para garantir reserva de mercado a jornalistas
diplomados; as ordens profissionais, inclusive a OAB (esta já havia
garantido seu lugar no texto original da Constituição) e os conselhos de
classe; as cotas para mulheres na política; a legislação trabalhista
que garante empregos a determinadas profissões; o transporte coletivo,
em todas as suas modalidades; a produção e refino de petróleo; os
privilégios para micro e pequenas empresas vencerem licitações públicas;
as leis municipais que proíbem instalação de grandes supermercados em
bairros para garantir a sobrevida das antigas casas de secos e molhados;
e por aí vamos, sem solução de continuidade...
Chegamos
até mesmo ao cúmulo de erigir um peculiar status de super-órgão a uma
entidade, o Cade, que a pretexto justamente de defender a concorrência,
existe, sim, é para defender a permanência dos concorrentes (às custas,
especialmente, dos consumidores).
Pode-se
afirmar que no Brasil de hoje não haja brasileiro que não se valha de
pelo menos um grupo de pressão a associar-se ao estado para lograr
privilégios para si às custas dos seus compatriotas. Não, tais pessoas
simplesmente não existem. Se alguns se arrostam à audácia de colocar a
cabeça acima da linha d'água, serão implacavelmente perseguidos pelo
aparato monopolístico de repressão e coerção conhecido como estado.
Eis
como exemplos as famílias que têm lutado para educar seus filhos em
casa, caçadas furiosamente pelos burocratas do Ministério da Educação;
eis os donos de vans, tratados todos os dias como "Genis" do transporte
público, para que o monopólio das linhas de ônibus regulares prossiga em
paz com a sua ineficiência; eis os pobres cidadãos que
disponibilizaram seus roteadores de internet aos vizinhos,
impiedosamente punidos pela Anatel com pesadas multas; eis os cidadãos
que ousam se defender dos bandidos e meliantes com qualquer troço
enferrujado a que se dê o nome de arma de fogo! Parou? Isto não é nem o
começo!
O
grande problema da concessão dos privilégios é que a política
fidalguista - chamemo-na assim - por definição, é inerentemente
excludente, já que a soma de todos os privilégios, se fossem todos
cumpríveis, ultrapassaria 100% da cota de direito que naturalmente seria
atribuída a cada um. Desta forma, ou as medidas governamentais por ela
inspirada anulam-se mutualmente, porque A obtém benefícios extravagantes
em detrimento de B e vice-versa, ou necessariamente haverão de produzir
os descontentamentos para quem somente sobrou o fardo a carregar.
O
Brasil é uma sociedade de trincheiras, estas representadas por cotas,
monopólios, reservas legais, atribuições exclusivas e que tais. Quanto
pior, melhor. Quanto mais imbecil, ineficaz, ineficiente, negligente e
imperito, tanto mais capacitado a ocupar posições de relevo em cargos de
direção de repartições públicas, empresas estatais e empresas privadas
oligopolizadas pelo regime nazista vigente.
O
Jornal Nacional do dia 16 último levou ao ar uma reportagem retratando
que a maioria absoluta das grandes empresas está "investindo" em cursos
de capacitação para que seus profissionais possam ao menos adquirir a
capacidade de realizar as tarefas mais básicas com algum nível mínimo e
aceitável de desempenho. Investindo? Uma ova! Estão é tendo de arcar com
despesas para prover os seus empregados com que o sistema estatal de
ensino deixou de fazer, no que pese a colossalíssima estrutura do
ministério da educação e das secretarias de educação estaduais e
municipais, com todas as suas diretrizes, filosofias e demais mugangas. E
os empregos de maior nível, estes estão vagos ou sendo preenchidos por
estrangeiros.
Está
aí a prova cabal, no melhor estilo brazuca de promoção, isto é, "pague
2, leve 1", de que no final é a educação livre o que conta, e que os
diplomas que certificam os longos e fatídicos anos perdidos em
claustrofóbicas salas de aula não servem de nada aos estudantes.
Nas
nações que decidiram enfrentar com sinceridade o desafio de
progredirem, as faculdades foram ocupadas pelos excelentes, e eles
desenvolveram tecnologia e melhorias de gestão que criaram empregos de
maior valor agregado para os seus compatriotas menos preparados. Bom, é
para isto mesmo que existem tais instituições. É uma peculiaridade que
no Brasil, sirvam, se tanto, como uma espécie de título nobiliárquico ou
ainda menos, como um comprimido para a depressão provocada pela falta
de estima pessoal, estimulada que foi pela cultura coitadista das
esquerdas.
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