Greve do funcionalismo: Brasileiro não é obrigado a sustentar movimento grevista. Ou é?
O
governo decidiu, finalmente, cortar o ponto dos grevistas do
funcionalismo federal. A decisão é correta e tardia. Isso já deveria ter
sido feito. De novo, lá vamos nós. Acho que greve de servidores deveria
ser proibida. Já expus os motivos. Mas não é. Não sendo, siga-se a lei.
E não há lei que obrigue a pagar quem não trabalha. Ou deixem-me ver se
entendi direito: os servidores fazem greve, mas não querem correr nem
mesmo o risco da falta de pagamento. A ser assim, qual é a diferença
entre a paralisação de protesto e as férias?
Se o
sujeito fica parado, recebendo salário e, em vez de ir protestar, decide
passear ou fazer um bico para ganhar uns trocos, resta a pergunta: por
que havemos de pagar por isso? Nem pelo protesto, nem pela folga, nem
pelo bico, ora essa! Sim, conheço professores grevistas que aproveitaram
para viajar. Outros estão costurando pra fora… Nesse caso, a greve
serve para aumentar renda. Qual é?
Ora, greve
é movimento de reivindicação, não ação cartorial entre amigos. Se o
trabalhador da iniciativa privada não pode esperar que o patrão financie
o seu movimento, por que os servidores querem isso do governo? Governo
que, na verdade, somos nós. Que jeito estranho de reivindicar, não?
Punem os brasileiros, que deixam de receber os serviços, e ainda os
obrigam a pagar a conta. Aí não dá.
O ponto
dos professores das federais não foi cortado porque eles se dispuseram a
repor as aulas. Está errado e não passa de truque. Até as pedras sabem
que raramente essas aulas são mesmo repostas. Tinha de ser o contrário:
corte o ponto e paga as reposições que forem realmente feitas. Isso é só
uma forma disfarçada de inação. Aulas de reposição, não raro, viram
“entrega de um trabalho” sei lá quando… Quem vai gerenciar? De resto, as
universidades não voltaram em bloco ao trabalho.
Eu sei que
os companheiros professores ficam bravos, mas não posso fugir à lógica
elementar das coisas, não é? A greve necessariamente suporta um risco. É
da natureza do processo. Ou não passa de desentendimento entre amigos.
Como o dinheiro é da população, não faz sentido chamar a pobrada para
pagar a conta — juntamente a pobrada que tem um salário médio que
corresponde a menos de um sexto do que ganha o professor. Por mim,
ganhariam o triplo. O ponto não é esse.
Movimento em que paga a conta o que tem bolso mais vazio tem algo de errado, não é?
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