RECEBI ESTE ARTIGO, ASSINADO POR AUGUSTO NUNES POR E-MAIL DE UM AMIGO LEITOR DO BLOG. É BASTANTE INTERESSAANTE E VALE A LEITURA E REFLEXÃO.
Irritada com a sequência de más notícias, Dilma Rousseff interrompeu bruscamente o relato do presidente da Infraero.
─ Quando chamei o senhor para o cargo, sabia que não entendia de aeroportos! ─ exaltou-se. ─ Mas se passaram semanas!
A primeira frase
informa que a presidente da República escolheu para cuidar dos
aeroportos alguém que não entende de aeroportos. A segunda revela que,
na cabeça de Dilma, um cursinho intensivo de 60 dias é suficiente para
transformar um ex-diretor do Banco Central num especialista em pistas,
birutas, salas de embarque, pousos e decolagens.
Conjugados,
os pontos de exclamação que escoltam as 17 palavras confirmam que a
superexecutiva que inaugurou o ofício de gerente de país não sabe o que é
conversar civilizadamente com subordinados. Desconhece o abismo que
separa a líder enérgica da mandona grosseira. E aprecia a metodologia do
pito.
Esse
defeito de fabricação voltou a dar as caras em outra reunião com
diretores da Infraero. Colérica com a descrição do ritmo das obras no
aeroporto de Cumbica, Dilma tirou a cor do rosto de Jaime Parreira e
João Márcio Jordão com o aparte em tom de úlcera:
─ Vocês estão me enrolando há oito anos!
A
frase informa que a onisciente, onipotente e onipresente Mãe do PAC
pode ser enrolada por oito anos. Também revela que, durante cinco, o
Brasil foi enrolado pela chefe da Casa Civil e, depois, pela candidata
que tinha mais de um computador no cérebro, visão de estadista, intuição
mediúnica e todos os canteiros de obras armazenados na memória.
Desde
2005, Dilma repete que o Brasil está uma maravilha e promete a cada
entrevista que tem guardada na bolsa a solução definitiva para todos os
problemas do mais movimentado aeroporto do país. Quem se deixa enrolar
por oito anos e enrola os outros por cinco não está preparada sequer
para o posto de síndica.
Mal
aconselhados pelo instinto de sobrevivência no emprego, os alvos da
explosão tentaram prosseguir a prestação de contas. Ao ouvir dos
diretores da Infraero que a execução de parte das obras do terceiro
terminal de Cumbica foi confiada ao Exército, Dilma perdeu a paciência
de vez:
─ O Exército, que não trabalha três turnos, que não trabalha nos fins de semana?
A frase informa que sucessora escolhida por Lula ignora a imensidão de serviços prestados ao país pela engenharia militar.
Também revela que, se puder, só encomendará obras públicas a
empreiteiros que operam do começo da manhã ao fim da noite e, aos
sábados e domingos, ouvem o som do bate-estaca com o êxtase de quem
degusta sinfonias de Beethoven. A gastança é secundária. Honestidade é
detalhe. Ganância é virtude. Nenhuma roubalheira é tão relevante assim. O
progresso não tem preço, incluídas comissões, propinas e taxas de
sucesso.
Com
quatro frases e dois pitos, a própria Dilma Rousseff implodiu o retrato
oficial esboçado caprichosamente por jornalistas estatizados,
arrendados, genuflexos ou apenas ineptos. Publicadas por Renata Lo Prete
na coluna Painel, da Folha de S. Paulo, as 38 palavras vão muito
além de avisar que a chefe anda insatisfeita com o desempenho da
Infraero. Também gritam que ninguém muda o estilo, a alma e a cabeça aos
60 e poucos anos de idade.
A
Primeira Servidora da Pátria, que pouco aparece porque trabalha muito,
que fala só de vez em quando por dedicar-se em período integral aos
interesses da nação, essa só existe na visão edulcorada da imprensa oficialista.
Quem vê as coisas como as coisas são continua enxergando a autoritária
vocacional que intimida em vez de persuadir, que se tranca no palácio
por insegurança e que economiza declarações porque não tem nada de
importante a dizer. A biografia de Dilma não exibe uma única ideia
brilhante, uma tirada imaginosa, sequer alguma originalidade que
merecesse registro em diários de debutantes.
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