Alex Pipkin
Aqueles dotados de um mínimo conhecimento econômico sabem que a competição genuína é o motor do progresso e da inovação em qualquer mercado livre. A ideia de que empresas dominantes, que alcançaram tais posições pela excelência, prejudicam a competição ignora a questão básica de que a competição não é um estado fixo. É, na verdade, um processo contínuo em que o mérito se traduz em resultados.
Não é lógico pensar que a única forma de ser dominante em um mercado livre é oferecendo produtos ou serviços superiores, que os consumidores voluntariamente escolhem, sem a presença da coerção estatal? A posição conquistada pela eficiência e inovação, longe de ser uma ameaça, é um sinal de que as preferências do consumidor foram atendidas em dado momento.
Racionalmente, é fácil compreender que a capacidade de cada indivíduo decidir livremente o que é melhor para ele constitui a real força reguladora de mercado. Se uma empresa dominante falhar em continuar oferecendo valor superior, rapidamente ela será substituída por novos concorrentes mais eficientes.
Essa é a realidade dos mercados livres. Nos anos 2000, a BlackBerry era a empresa dominante no mercado de smartphones. Seus aparelhos eram sinônimo de qualidade e produtividade. Mas o mercado – diferentemente daquilo que muitos sabem e pensam – não é estático, e a Apple lançou o iPhone. Ele trazia a tela sensível ao toque, fazendo com que os consumidores migrassem voluntariamente para uma empresa que percebiam oferecer mais valor.
Tenham em mente que, quando o governo intervém para impedir que uma empresa alcance uma posição dominante, ele, na verdade, está protegendo os concorrentes menos eficientes. Claro, não os consumidores. Tal intervenção destrói a competição e desincentiva o esforço, a excelência e a inovação. O nefasto intervencionismo estatal passa a decidir quem deve vencer ou perder.
A intervenção nasce de uma premissa coletivista de que o sucesso de alguns representa uma ameaça para todos. A visão de que o abstrato coletivo está acima do indivíduo ignora que o valor econômico é criado por empreendedores excelentes para o benefício de todos.
O mercado é um processo de descoberta, e a verdadeira competição só pode existir em um sistema onde a liberdade individual, a propriedade privada e a soberania do consumidor sejam respeitadas. Há uma profunda relação entre competição e a atual – e tão aviltada – liberdade de expressão. A premissa básica é a de que o indivíduo é capaz de pensar, criar e agir por conta própria. No mercado, isso se traduz na liberdade de produzir, negociar e oferecer bens e serviços, e o consumidor é quem decide livremente se aquilo atende ou não a seus desejos e suas necessidades.
Na esfera das ideias, o processo é idêntico. Cada indivíduo deve ter o direito de pensar, articular suas ideias e apresentá-las ao público, cabendo a este aceitar, rejeitar ou debater tais ideias. Ambos os sistemas funcionam pelo processo de descoberta. No mercado, a competição determina quais produtos ou serviços são mais eficientes e desejados. No campo das ideias, o livre debate revela quais ideias são verdadeiras, lógicas ou moralmente corretas. Os “comuns” não compreendem que tanto a competição como a liberdade de expressão não são um jogo de soma zero, em que o sucesso de um representa a perda de outro. Quando ideias e produtos melhores prevalecem, toda a sociedade se beneficia.
É mister esclarecer: a intervenção estatal na economia e a peçonhenta censura partem da mesma filosofia coletivista e paternalista: a ideia de que existe uma autoridade superior que deve “proteger” a sociedade contra escolhas supostamente “erradas”, seja no mercado ou no pensamento. O preço da liberdade é a possibilidade do erro do indivíduo, mas o preço da intervenção é a certeza da estagnação e/ou retrocesso.
Sem dúvidas, o progresso e a excelência só podem emergir quando cada indivíduo tem a liberdade de tentar, errar, melhorar e competir! Quem deve ser valorizado é o indivíduo, não o abstrato coletivo.
A propósito, ocorreu recentemente a premiação do Oscar. Não achei justa e meritória a vitória do filme Anora. Pois é: quem escolhe o ganhador do Oscar são os membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, não os consumidores…
PUBLICADAEMhttps://www.institutoliberal.org.br/blog/politica/o-processo-competitivo-e-o-processo-das-ideias-identicos/
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