editorial do Estadão
O governo, nos últimos dias, acelerou gestões para começar a votar a
minirreforma da Previdência ainda este ano. O Planalto precisa mesmo
apressar este projeto. O tempo passa, e é necessário dar um sinal forte
de que governo e Congresso farão o possível para aplainar o terreno de
2018, ano em que haverá oscilações nos mercados ditadas por pesquisas
eleitorais, com o risco de contaminação da economia real.
A campanha de 2002, em que Lula logo apareceu como favorito, é um
alerta. À medida que o candidato do PT se fortalecia no eleitorado, o
dólar subia, encarecendo as importações e, assim, criando pressões
inflacionárias.
O momento da economia é outro, há mais de US$ 300 bilhões nas reservas
externas, mas o mecanismo de geração de expectativas não desapareceu.
Quanto mais desanuviado estiver o horizonte, melhor para o país. E, para
isso, o indicado é que a Câmara comece os dois turnos de votação da
proposta de emenda constitucional, quando serão necessários no mínimo
308 votos favoráveis em cada um.
Este governo tem especialistas em práticas fisiológicas, porém elas
criam dependentes em toma lá dá cá, e não políticos compromissados com
um projeto de governo.
O convencimento e a firmeza são necessários nesta hora. Para isso, um
caminho é o fechamento de questão, com apoio amplo das bancadas, pelo
qual infiéis podem até ser expulsos da legenda. O PMDB iria por este
caminho, e o PSDB deveria fazer o mesmo, para ser coerente com sua
história.
O desdobramento dos debates sobre a reforma expôs corporações formadas
por castas do funcionalismo público como as maiores beneficiárias de um
sistema previdenciário desbalanceado, injusto, deficitário e
estruturalmente fadado à insolvência.
O Planalto precisa agir sabendo que o inimigo atua dentro do próprio
Estado. Quando juiz de primeira instância concede liminar para que
campanha de esclarecimento sobre a reforma seja tirada do ar, isso dá a
medida da atuação dessas castas contra a reforma.
É boa a iniciativa de uma cartilha para distribuição entre os
parlamentares, com informações de eleições que desmontam a ameaça dessas
corporações de que votar em reformas “impopulares” é o caminho mais
curto para a derrota eleitoral.
Não foi na França de Macron e, em 1998, no Brasil aconteceu o oposto na
votação de emenda constitucional que instituía idade mínima para a
aposentadoria, assunto que volta na reforma atual. Ela não foi aprovada
por um voto, mas a grande maioria que a apoiou se reelegeu.
Não faltam informações objetivas para mostrar os imperativos
demográficos que impõem a reforma e denunciar os injustos desníveis
entre a aposentadoria do assalariado do setor privado e de grupos
privilegiados na área pública.
EXTRAÍDADEROTA2014BLOGSPOT
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