Jornalista Andrade Junior

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

"Balas na agulha",

por Ruy Castro Folha de São Paulo

Não estou dizendo que fosse melhor ou pior, mas, em certos aspectos, as coisas no passado eram mais definidas. Os artistas de cinema e os grandes estúdios de Hollywood, por exemplo. Em boa parte da primeira metade do século 20, todo mundo sabia que Judy Garland e Mickey Rooney eram "da Metro", Humphrey Bogart e Bette Davis, "da Warner", e Bing Crosby e Bob Hope, "da Paramount". 

Da mesma forma, Tyrone Power, Carmen Miranda, Henry Fonda, Gregory Peck e Marilyn Monroe eram "da Fox".

E continuaram sendo, porque seus filmes sob essas bandeiras, alguns excepcionais, estão ao nosso alcance até hoje, por várias mídias. No caso da Fox, todos começam pelos holofotes que varrem o céu, ao som da fanfarra composta por Alfred Newman, sobre o monumento em que se lê "20th Century Fox".

Não mais. Filmes como "A Marca do Zorro" (1940), com Power, "Entre a Loura e a Morena" (1943), com Carmen, "Paixão dos Fortes" (1946), com Fonda, "O Matador" (1950), com Peck, e "O Pecado Mora ao Lado" (1955), com Marilyn, pertencem agora à Disney, que na semana passada abocanhou a Fox por US$ 52,4 bilhões. Isso é mais dinheiro do que William Fox, fundador do estúdio, e Darryl F. Zanuck, que o consolidou, jamais sonharam que ele pudesse valer. É também muito mais do que Walt Disney, com todo o poder, algum dia viu passar sob seus bigodes.

O prestígio e riqueza dessas marcas foram construídos ao longo de décadas por instituições como Shirley Temple e Betty Grable, da parte da Fox, e Mickey e Pluto, da parte da Disney. Eram pessoas e bonecos amados por milhões.

Mas o dinheiro agora está nas plataformas, nas franquias, nas emissoras a cabo, no streaming, nos canais de notícias e esportes, nos blockbusters. A Disney tinha bala para comprar a Fox. Um dia, virá alguém e comprará a Disney.


















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