por Ruy Castro Folha de São Paulo
Não estou dizendo que fosse melhor ou pior, mas, em certos aspectos, as coisas no passado eram mais definidas. Os artistas de cinema e os grandes estúdios de Hollywood, por exemplo. Em boa parte da primeira metade do século 20, todo mundo sabia que Judy Garland e Mickey Rooney eram "da Metro", Humphrey Bogart e Bette Davis, "da Warner", e Bing Crosby e Bob Hope, "da Paramount".
Da mesma forma, Tyrone Power, Carmen Miranda, Henry Fonda, Gregory Peck e Marilyn Monroe eram "da Fox".
E continuaram sendo, porque seus filmes sob essas bandeiras, alguns excepcionais, estão ao nosso alcance até hoje, por várias mídias. No caso da Fox, todos começam pelos holofotes que varrem o céu, ao som da fanfarra composta por Alfred Newman, sobre o monumento em que se lê "20th Century Fox".
Não mais. Filmes como "A Marca do Zorro" (1940), com Power, "Entre a Loura e a Morena" (1943), com Carmen, "Paixão dos Fortes" (1946), com Fonda, "O Matador" (1950), com Peck, e "O Pecado Mora ao Lado" (1955), com Marilyn, pertencem agora à Disney, que na semana passada abocanhou a Fox por US$ 52,4 bilhões. Isso é mais dinheiro do que William Fox, fundador do estúdio, e Darryl F. Zanuck, que o consolidou, jamais sonharam que ele pudesse valer. É também muito mais do que Walt Disney, com todo o poder, algum dia viu passar sob seus bigodes.
O prestígio e riqueza dessas marcas foram construídos ao longo de décadas por instituições como Shirley Temple e Betty Grable, da parte da Fox, e Mickey e Pluto, da parte da Disney. Eram pessoas e bonecos amados por milhões.
Mas o dinheiro agora está nas plataformas, nas franquias, nas emissoras a cabo, no streaming, nos canais de notícias e esportes, nos blockbusters. A Disney tinha bala para comprar a Fox. Um dia, virá alguém e comprará a Disney.
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