Com 61
parlamentares investigados pela Operação Lava Jato, sentir vergonha da
Câmara dos Deputados não é nenhuma excentricidade. Segundo o Índice de
Confiança Social (ICS), calculado anualmente pelo IBOPE desde 2009, o
Congresso nunca esteve entre as instituições dignas de confiança do povo
brasileiro. Porém, a última medição do indicador, de 2017, assusta: em
uma escala de 0 a 100, os ilustres legisladores tiveram a proeza de
marcar somente 18 (dezoito!) pontos de confiança, à frente apenas dos
partidos políticos (17) e do presidente da República (14).
Diante
desse cenário, o Legislativo se distancia cada vez mais dos cidadãos. O
voto popular obrigatório, por sua vez, perde seu poder de controle sobre
a classe política, uma vez que dois a cada cinco brasileiros não se
lembra em qual candidato votou para deputado federal em 2014, segundo
uma pesquisa realizada apenas dois meses após as eleições. Ao mesmo
tempo, três quartos do eleitorado declaram que não irão reeleger os
congressistas que votaram a favor da rejeição da denúncia contra o
presidente Michel Temer.
O fenômeno
produz alguns resultados insólitos. O primeiro deles é que a conta não
fecha e, a cada ciclo de quatro anos, as queixas sobre a (baixa)
qualidade do Congresso voltam à imprensa. O outro, mais do que
evidenciado pelos pronunciamentos na sessão do impeachment, é a mistura
de atividade parlamentar com atividade circense (apesar de render ótimos
memes). Abaixo, listamos cinco parlamentares que farão você ter (ainda
mais) vergonha da política brasileira.
1. Wladimir Costa (SD-PA): o deputado que cassou o Brasil
O trovão
do “meu Tapajós amado” gosta de ser chamado de “Wlad”, tem 53 anos,
nasceu e cresceu em Belém, naturalidade que carrega com muito orgulho e
paixão. Ele, que além de ter votado pelo impeachment de Dilma Rousseff,
“cassou o Brasil em nome do Pará” e estourou um rojão de confetes no
plenário. Tudo isso aconteceu no mesmo pronunciamento, em nome do Brasil
– sim, ele cassou o Brasil em nome do Pará e do próprio Brasil –, de
sua “mãezinha”, de seus filhos e dos seus amigos do Solidariedade.
O “Federal do Povão”, está em seu quarto
mandato consecutivo na Câmara dos Deputados: os três primeiros pelo PMDB
e o atual pelo SD. Ele entrou para a política após fazer sucesso como
locutor de rádio, cantor local e apresentador de um programa
sensacionalista na RBA TV, emissora de Jader Barbalho (cacique do PMDB
paraense), na qual promovia denúncias e ataques a adversários políticos.
Em 2014, em pleno ano eleitoral, apresentou o vespertino “Balanço
Geral”, na TV Record Castanhal. Em seu currículo, carrega, por exemplo,
uma defesa apaixonada da inocência de Eduardo Cunha no processo que
culminou na cassação do ex-presidente da Câmara. Na hora H, inclusive,
Wlad votou contra o peemedebista carioca.
Verdadeiro profissional da micagem, Wlad
Costa ganhou destaque nacional mais pela caricatura do que por sua
atuação parlamentar, visto que esteve ausente em mais de 35% das sessões
deliberativas de 2017, 45% das de 2016 e 84% das de 2015. O ápice de
sua popularidade, segundo o Google, coincide com a votação da primeira
denúncia do Ministério Público Federal contra o presidente Michel Temer.
Isso porque o nobre deputado fez uma tatuagem em homenagem ao
presidente da república, que dias depois admitiu ser falsa, mas que foi
uma pequena retribuição aos mais R$ 7 milhões em emendas que recebeu de
Temer. No mesmo período, em audiência da CCJ para discussão da denúncia,
chamou de “burro” o relator do caso, Sérgio Zveiter (então do PMDB-RJ,
hoje no Podemos).
Além de
bons memes, o episódio da tatuagem rendeu uma denúncia do PSB em
desfavor de Costa no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara.
Isso porque, durante uma entrevista, ele foi acusado de assediar a
repórter da CBN Basília Rodrigues, que tinha dúvidas sobre a veracidade
da tatuagem e pediu para ver o desenho. Como resposta, Wlad disse que,
para ela, só mostra “se for o corpo inteiro”. Também afirmou que teria
outra tatuagem em partes íntimas do corpo. Demais parlamentares que
assistiram à cena ficaram chocados e pediram desculpas à repórter.
Em um post
no seu perfil no Facebook, Wladimir expôs fotos de Basília. Escreveu
que ninguém acreditaria na acusação de assédio sexual da jornalista,
“pois basta ver as fotos da mesma e todos irão ver que ela foge
totalmente dos padrões estéticos que, supostamente despertaria algum
tipo de desejo em alguém” (sic). Se deu mal: o relator do caso, Laerte
Bessa (PR-DF), acreditou na denúncia e recomendou, em seu parecer, a
continuidade do caso e a instauração de processo por quebra de decoro
contra Costa.
Naquela
semana, em especial, ele estava inspirado; se envolveu na terceira
polêmica consecutiva e pediu música. Aliás, pediu nudes: durante a
sessão de votação da primeira denúncia contra Temer, foi flagrado pelo
fotógrafo Lula Marques em conversas pouco decorosas com uma mulher
desconhecida pelo WhatsApp, pedindo para que ela enviasse uma foto
íntima.
Mas não é
só isso. O deputado sem medo de polêmica não vive só de micagem. Sua
capivara na justiça é extensa: vai desde caixa 2 até desvio de dinheiro
público por meio de uma ONG, passando ainda por um esquema de
contratação de funcionários fantasmas pela Câmara.
Julgado
pelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará, teve seu mandato cassado em
julho do ano passado, condenado por não ter registrado mais de R$
400.000,00 de gastos em sua última campanha de reeleição. Ele só manteve
o cargo porque recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral e ainda aguarda
decisão sobre sua cassação.
Em outro
processo, que corre no STF, ele e seu irmão são réus pelo crime de
peculato. Segundo a PGR, a denúncia se dá pela contratação de três
assessores fantasmas, que entregavam seus salários ao deputado e seu
irmão. O esquema era bem simples: os fantasmas, ao receberem suas
remunerações, sacavam o valor integral em espécie e entregavam o
dinheiro ao irmão de Wlad, que então colocava o dinheiro na conta do
deputado.
Pouco
sofisticado em seus métodos de corrupção, Costa foi também denunciado
pelo Ministério Público do Pará, que o apontou como líder de um esquema
de desvio de verbas estaduais destinadas à realização de um projeto de
aulas de canoagem em 2012, em parceria com o Instituto Nossa Senhora de
Nazaré, uma ONG chefiada por seu testa de ferro. Os R$ 210 mil nunca
chegaram ao destino final, nem nunca ensinaram ninguém a remar. O
dinheiro foi sacado de uma vez e, para justificar a despesa, foram
apresentadas notas fiscais frias de – pasmem – 240 quilos de carne, 420
quilos de arroz, 690 quilos de frango congelado e 800 cadernos.
2. Silvio Costa (Avante-PE): bravateiro e desbravador
Ele já
invadiu uma rádio ao vivo, grita com quem ousa discordar, defende o
ex-presidente Lula com unhas e dentes e engrossou as fileiras que
gritavam o discurso do golpe no impeachment de Dilma Rousseff. Seu nome é
Silvio Costa, do Avante. Recentemente, disse que “devem existir” casos
de tortura nos acordos de delação premiada no âmbito da Lava Jato, “mas
não tem como provar”. Assim como Wlad Costa – mas no campo ideológico
oposto –, gosta de levantar a voz para demonstrar sua indignação com a
corrupção na base do governo Temer, se orgulha de não ser alvo de nenhum
processo, mas acha que Lula é inocente e Dilma é uma mulher limpa e
honrada.
O
parlamentar é pernambucano, natural de Rio Formoso. Político
profissional, já foi vereador de Recife por dez anos – de 1992 a 2002 – e
deputado estadual entre 2003 e 2007, antes de assumir, como suplente, a
titularidade do mandato na Câmara de José Chaves (PTB-PE), em fevereiro
de 2007. À época, Chaves havia voltado para Recife para assumir a
Secretaria Estadual do Turismo; nove meses depois, retomou sua vaga no
Congresso, quando Silvio Costa Filho (PTB-PE), deputado estadual, foi
nomeado para a pasta turística.
Em 2008, o
Ministério do Turismo firmou dois convênios com a Secretaria de Turismo
pernambucana, para apoiar a realização de eventos turísticos. Os
recursos deveriam ter sido usados para contratação de uma produtora, que
ficaria responsável por contratar artistas locais, e de empresas para
prestação de serviços como locação de equipamentos, filmagem e
segurança. Porém, a CGU identificou irregularidades na realização dos
convênios, além da não aprovação da prestação de contas. Em 2015, o
Ministério Público Federal conseguiu, em decisão liminar, bloquear os
bens de Costa Filho, quando o dano ao erário era de mais de R$ 700 mil,
em valores atualizados.
O
escândalo veio à tona em 2009 e levou à renúncia do secretário no final
daquele ano. No ápice das críticas da oposição, dois dias após a
demissão do filho, Silvio Costa teve um ataque de fúria: invadiu o
estúdio da Rádio Jornal para defender sua cria dos ataques da oposição
ao governo Eduardo Campos e pedir a prisão de um prefeito então apontado
como suspeito no caso.
Não foi a
primeira nem a última bravata do “Costão”, como é conhecido por seus
conterrâneos. Em 2012, durante a CPI do Cachoeira, ele protagonizou uma
discussão acalorada com o Senador Pedro Taques (PDT-MT). Ao direcionar
questionamentos a Demóstenes Torres, que exerceu o direito do silêncio
ao ser interrogado, Costa perdeu a paciência e passou a atacar o colega
da câmara alta, mas foi interrompido por Taques, que fez uma questão de
ordem para defender a dignidade do interrogado, que foi acolhida.
Irritado por ter sido interrompido, o pernambucano teve um acesso de
nervos e usou o restante de seu tempo de fala para atacar o
matogrossense, que retrucou. Um verdadeiro “pega-pra-capar” jaboticabal.
Como se
não bastasse, o deputado do Avante parece gostar de usufruir dos
privilégios da Câmara dos Deputados. Entre 2014 e 2016, por exemplo, o
pernambucano comprou quase 3 toneladas de papel A4 e 16 mil lápis
escolares por cerca de R$ 120 mil, de acordo com relatório da Operação
Política Supervisionada, tornando-se o “rei da papelaria”. Em 2014, sem
ter declarado nenhuma despesa com telefonia em sua prestação de contas
da campanha eleitoral, registrou gastos acima da média nesta rubrica de
sua Cota Parlamentar, que chegou a bancar sete contas de telefone no
período da disputa. A verba é destinada a cobrir gastos exclusivamente
vinculados ao mandato de deputado.
No ano
passado, ele desembolsou a bagatela de R$ 120 mil com o aluguel de
quatro veículos por mês – dois VW Gol, um VW Up! e um sedã de luxo
(Toyota Corolla ou Ford Fusion) –, todos na cidade do Recife, a quinta
menor capital brasileira. Esse dinheiro seria suficiente para comprar
quatro modelos Volkswagen Up! (zero km) iguais ao alugado pelo
parlamentar, segundo a tabela FIPE de janeiro de 2016. Para abastecer
sua frota particular, o deputado deixou ainda uma conta salgada de R$
55.374 para o contribuinte, completando o tanque sempre no Posto São
Sebastião.
Curiosamente,
o posto fica num lugar fora de mão para o parlamentar, em um bairro
afastado de seu escritório e de sua residência. Com todo esse dinheiro,
foi possível adquirir: 230 litros de gasolina aditivada, 14,6 mil litros
de gasolina comum, 127 litros de óleo diesel (mesmo sem nenhum carro a
diesel alugado) e 123 litros de etanol. E que gasolina cara!
Considerando as médias mensais de preços praticados pelos postos
recifenses, o deputado pagou mais caro pela gasolina comum em 10 dos 12
meses. Chama a atenção ainda o valor pago em maio: R$ 3,05 pelo litro,
mais barato até que o preço mínimo praticado pelas distribuidoras
recifenses naquele mês (R$ 3,10).
Utilizando
como base as tabelas de eficiência energética do Inmetro, calculamos a
distância que poderia ser percorrida com um Volkswagen Up! Take
semelhante ao alugado pelo deputado, com média de consumo de 14,7 km/l
na gasolina e 10,1 km/l com etanol. Para os abastecimentos a diesel
utilizamos como base o consumo médio de uma picape Hilux SW4 (9.6 km/l),
visto que não sabemos qual carro foi abastecido. O resultado é
surpreendente: o deputado poderia ter rodado 220.983,76 km, o
equivalente a 69 vezes o tamanho da malha rodoviária pernambucana, ou
então 51 vezes o percurso de ida e volta de Recife a Brasília de carro.
Eis aqui Silvio Costa: um desbravador do território brasileiro.
Atualização
às 19h42: Ao Spotniks, Silvio Costa afirmou que todas as notas e
respectivos quantitativos foram analisados e aprovados pela
Controladoria da Câmara Federal. No entanto, o Ato da Mesa nº 43/2009,
que disciplina a Cota Parlamentar, diz que a Câmara “fiscalizará os
gastos apenas no que respeita à regularidade fiscal e contábil da
documentação comprobatória, cabendo exclusivamente ao Deputado
responsabilizar-se pela compatibilidade do objeto do gasto com a
legislação, fato que o parlamentar atestará expressamente mediante
declaração escrita”.
3. Aníbal Gomes (PMDB-CE): o fantasma do Linha Direta
Ao
contrário de Silvio e Wladimir Costa, Aníbal Ferreira Gomes não possui
trajetória política assentada na micagem. Outro político profissional,
vive de eleições desde 1989, quando assumiu a prefeitura de Acaraú (CE),
onde permaneceu no cargo até 1993. Atualmente em sua sexta legislatura,
é deputado federal desde 1995. No entanto, apesar de todo esse tempo,
Gomes também não se destaca pela sua atuação legislativa: desde seu
primeiro mandato, subiu na tribuna do plenário apenas dez vezes, uma
delas em 2017, para votar a favor da rejeição da denúncia contra Michel
Temer. Antes disso, sua última aparição havia sido há 13 anos. Nem para
votar ele aparece: em 2016, faltou a 60,6% das sessões deliberativas sem
nenhuma justificativa.
No final
do ano 2000, ele pediu a palavra para repudiar a exibição de uma edição
do programa Linha Direta, da Rede Globo, que o acusou do assassinato de
seu primo e então prefeito de Acaraú, João Jaime Ferreira Gomes Filho,
morto em maio de 1998. O inquérito policial apontou ainda como mandantes
do crime o irmão de Aníbal, o então deputado estadual Manoel Duca da
Silveira Neto (“Duquinha”) e o próprio vice-prefeito de Acaraú, Amadeu
Ferreira Gomes Filho (“Amadeuzinho”). Todos eles eram filiados ao PSDB
cearense à época.
Em 1992,
João Jaime gravou uma fita para denunciar os três primos por desvios de
verba pública, corrupção e homicídios. “Se acontecer algo comigo de
violência sejam responsabilizados os meus primos que eu nem os considero
mais, o Aníbal, o Duquinha e Amadeuzinho. São esses três. Se algo
acontecer, não só comigo, mas com vocês, eles serão responsabilizados.
Peguem essa gravação e levem para autoridades confiáveis”, afirmou.
Na
gravação, o médico acusa os primos do assassinato do empresário Afonso
Fontes, que tinha a intenção de se candidatar a deputado federal em
1986, o que dividiria os votos com Aníbal Ferreira Gomes. Além da fita,
João deixou uma pasta, entregue à polícia, com documentos que
comprovariam supostas irregularidades cometidas por Aníbal durante a sua
gestão na prefeitura de Acaraú. Segundo a Polícia Civil, João teria
recusado também financiar a campanha pela reeleição de Aníbal à Câmara
com verba do Ministério dos Transportes. No STF, o processo contra o
deputado foi arquivado por falta de provas, de acordo com recomendação
do Procurador Geral da República Geraldo Brindeiro, chamado à época de
“engavetador-geral”.
A ficha de
Aníbal, porém, é mais extensa. Ele é réu no STF, no âmbito da Operação
Lava-Jato, acusado de corrupção ativa e passiva e também de lavagem de
dinheiro. Segundo a denúncia da PGR, aceita em dezembro do ano passado, o
parlamentar é investigado por ter solicitado ao ex-diretor da Petrobras
Paulo Roberto Costa, em 2008, que negociasse uma pendência do Sindicato
dos Práticos, que trabalhavam na empresa, em troca do pagamento de
propinas no valor de R$ 800 mil, que, segundo a delação de Costa, nunca
foram pagas. Em nota ao Estadão, Gomes nega as acusações, dizendo que
“não entregou e nem prometeu recursos para ninguém”. De acordo com a
Revista Congresso em Foco, o deputado é o membro da Câmara que mais deve
explicações por suspeita de ter praticado corrupção. São cinco
inquéritos e uma ação penal em seu desfavor.
A fama de
corrupto rendeu ao parlamentar um atrito com eleitores cearenses no
Aeroporto Internacional de Fortaleza, em dezembro do ano passado. Um
grupo de manifestantes xingou o político de “ladrão”, “corrupto” e
“vagabundo”, e um deles chegou a ser agredido pelo motorista de Aníbal.
4. Carlos Marun (PMDB-MS): dancinha da ascensão
Amigo fiel
de Eduardo Cunha, foi um dos únicos a defender o ex-presidente da
Câmara do início ao fim em seu processo de cassação e o único a
discursar a favor do político carioca no Plenário. Amigo mesmo! Tão
amigo que usou verba da Cota Parlamentar para visitar o companheiro
encarcerado em Curitiba. Com a prisão de Cunha, o peemedebista logo
encontrou um novo ídolo: o presidente Michel Temer. Quando a Câmara
engavetou a primeira denúncia da Procuradoria Geral da República contra o
presidente por obstrução de justiça, Marun não conseguiu disfarçar a
alegria. Em frente a jornalistas, ele comemorou com uma de suas mais
famosas micagens, a “dancinha da vitória”. Desde a queda de Cunha, o
sul-mato-grossense vem ganhando espaço com o presidente.
No
Congresso, é relator da CPMI da JBS e da Reforma da Previdência. Sua
atuação nessas comissões, especialmente na dos irmãos Batista, tem sido
objeto de destaque na imprensa do Mato Grosso do Sul, graças à gorda
despesa de sua verba de gabinete destinada à divulgação de suas
atividades, que vem sendo usada para comprar matérias a seu favor.
Somente em 2017, foram mais de R$ 98 mil destinados à compra de 48
matérias na mídia local.
Marun, que
também já foi vereador de Campo Grande e deputado estadual em seu
estado, é alvo de uma denúncia do Ministério Público de Mato Grosso do
Sul, aceita pela Justiça, na qual é acusado de causar dano ao erário
avaliado em R$ 16,6 milhões, da Agência de Habitação Popular de Mato
Grosso do Sul (Agehab), em conjunto com outros 13 réus.
Membro
fiel da tropa de choque do governo, o deputado é cotado para uma vaga
deixada pelo PSDB na reforma ministerial que o presidente vem
promovendo. Marun chegou a ser anunciado pelo Planalto como novo
ministro da Secretaria de Governo, no lugar de Antonio Imbassahy, mas
uma articulação de Aécio Neves com Temer segurou o tucano no ministério.
5. Vicente Cândido (PT-SP): o autor da emenda Lula
Experimente
conversar com alguns petistas paulistas, especialmente da região do
ABC, sobre seus correligionários. Certamente, serão ouvidos milhares de
elogios sorridentes ao ex-presidente Lula. No entanto, basta mencionar o
nome de Vicente Cândido que a reação da maioria será semelhante à do
Coronel Fábio, de Tropa de Elite 2.
Considerado
“pragmático”, foi escolhido como relator da Reforma Política por seu
bom relacionamento com diversos setores, especialmente com colegas
governistas. Graças à sua articulação, foi possível aprovar o Fundão
público para financiamento de campanhas eleitorais. E tem mais: com
pouquíssimo alarde, ele incluiu em seu relatório um artigo que buscava
impedir, a partir da eleição de 2018, a prisão de candidatos até oito
meses antes do sufrágio, numa tentativa explícita de viabilizar a
candidatura de Lula, que pode ser preso no ano que vem em caso de uma
segunda condenação no caso do triplex do Guarujá. Depois de descoberto, a
manutenção do artigo se tornou insustentável, forçando sua retirada do
texto final. A isso tudo, some-se o empenho do parlamentar em aprovar a
anistia aos crimes de caixa 2.
Cândido é
também conhecido cartola no mundo do futebol e integra a chamada
“bancada da bola” no Congresso. Com salário de R$ 35 mil mensais, ocupa
atualmente o cargo de Diretor de Assuntos Internacionais da CBF. Já foi
também sócio de Marco Polo del Nero, atual presidente da Confederação,
em um escritório de advocacia, mas a parceria foi desfeita depois de Del
Nero passar a ser investigado pelo FBI por suspeita de receber propina
em negociações envolvendo direitos de TV.
Na lista
de beneficiários de propina da Odebrecht, Cândido era o codinome
“Palmas”. Segundo Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, Carlos Armando
Guedes Paschoal e Benedicto Barbosa da Silva Júnior — executivos da
empresa que assinaram delação premiada –, o petista recebeu R$ 50 mil
para ajudar a erguer o estádio do Corinthians, em 2010, na época em que
era candidato a uma vaga na Câmara dos Deputados. Nos últimos anos,
descontada a inflação, o patrimônio de Cândido cresceu nove vezes. A
declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral pelo político saiu de R$
170 mil em 2006 para R$ 2,12 milhões em 2014.
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