O “honorífico doutor” Luiz Inácio Lula da Silva tem razão. Não foi obra
dos pobres o brado retumbante que a senhora Dilma Rousseff ouviu. Ali,
nos arredores dos camarotes oficiais, nem pipoqueiro, vendedor de
cachorro quente, ou vendedor de pastel havia. A Fifa, trazida para cá
pelo supramencionado “doutor”, tinha proibido esse quebra-galho dos
pobres. Como não se interessa por quem não tem dinheiro, ela proíbe a
entrada de pobres em seus eventos, botando preços de ópera no circo do
futebol...
Estamos todos de acordo, portanto. Quem vaiou a dona Dilma não foram os
pobres. Não foram aqueles que levantam de madrugada pra pegar no
batente, espremidos no “busão” ou no Metrô, em troca de um salário
mínimo que mal serve de salvo-conduto contra a miséria. Não foram os
candidatos à morte na fila do SUS, nem os bem educados, mas mal pagos
professores.
Não foram também os miseráveis, os que conseguem o milagre de
sobreviver com “bolsa-família”. Não foram os desclassificados, que moram
na rua, dormem debaixo dos viadutos, vivem do assistencialismo das
pessoas caridosas e, porque não votam, estão excluídos dos planos de
manutenção no poder.
É claro que nem os multimilionários, como o filho do sempre presente
Lula da Silva, ou o Paulo Costa, que tem conta na Suíça, nem os
empresários ricos, sócios da Fazenda Federal, iriam gastar suas cordas
vocais contra quem lhes proporciona o caminho da felicidade: quem nunca
teve “medo de ser feliz” está fora dessa. Então, se não foram os
multimilionários, os ricos, os pobres, os miseráveis ou os
desclassificados, só sobra certo tipo de suspeito: a classe média.
A classe média que leva este país nas costas e, em troca, é assacada
pela Fazenda e tem o nome inscrito no Cadim, se o erário não se sente
saciado por ela, sim, estava lá. A classe média que para ter segurança
tem que desembolsar a contraprestação, a classe média que para ter saúde
tem que engordar os cofres dos Planos de Saúde, conseguiu, sim, um
lugar perto dos ricos no Itaquerão.
E aí vaiou e xingou a dona Dilma. Vaiou, simplesmente, porque não tem
educação, como alardearam cronistas e outros puxa-sacos. Claro que não
tem educação. Precisando disputar as sobras das “cotas” nas
universidades públicas, a grande massa da classe média ou cai fora do
ensino superior ou tem que arcar com mais uma conta, a da universidade
particular.
Sim, a classe média não tem educação, no sentido de ensino, porque
faltam escolas. Não tem educação no sentido de comportamento, porque lhe
faltam paradigmas. Ela só tem diante dos olhos o contubérnio da
política com a corrupção, o enriquecimento vertiginoso dos filhos de
políticos e as negociatas desses, com o nosso dinheiro, para se manterem
no poder.
Não é o cargo que dignifica seu ocupante: esse é que deve dignificar o
cargo. A “educação”, que falsos moralistas (entre eles o “angélico”
Maradona) cobram do povo desrespeitado pela classe política, não tem
outro nome: é subserviência.
* João Eichbaum é advogado e autor do livro Esse Circo Chamado Justiça.
Fonte: JOÃO EICHBAUM -
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