Se restam dúvidas sobre a reeleição da presidente, já não há qualquer questionamento quanto à dificuldade que o próximo presidente terá para comandar o país.
O Brasil de 2015 promete ser ainda mais
complicado que o de 2014. A inflação tem tudo para estourar, pois, a fim
de garantir sua reeleição, Dilma Rousseff vem tomando medidas para
segurar o preço das bases energéticas do país: luz e gasolina. De acordo
com Vinicius Mota,
o governo petista vem praticando o que um dia acusou FHC de fazer:
estelionato eleitoral. Segundo sua coluna, alguém tem de pagar a conta
para que os preços possam ser mantidos.
Como sempre ocorre no mundo sublunar, se uns estão pagando menos, é porque outros estão arcando com parte desse custo. Nos combustíveis, a conta do subsídio fica com a Petrobras, obrigada pelo governo a vender gasolina com prejuízo.
Na energia elétrica, o abatimento oferecido ao consumidor é bancado ou afiançado pelo Tesouro – ou seja, pelo conjunto dos que pagamos tributos. Se os mais pobres no Brasil pagam proporcionalmente mais impostos, eles estão ajudando a financiar o banho quente dos mais ricos.
Mas não é possível maquiar os números para sempre. Por isso, em 2015 a engenharia financeira do governo vai gerar um impacto entre R$ 21,2 bilhões e R$ 40,3 bilhões para as tarifas residenciais de energia.
Esses valores equivalem a um aumento de 21,9% a 42,7% para as tarifas, dependendo do cenário hidrológico ao longo deste ano. A estimativa é da consultoria de energia PSR, que considera, em um cenário médio, o impacto de R$ 32,4 bilhões, ou de 34,1% na tarifa, para os consumidores residenciais.
Dilma tem influência direta nisso. Além de tentar faturar uma equivocada redução no preço da luz há um ano,
ignorou o apelo da oposição – que teve empresas ligadas a ela evitando
essa redução – e ainda cometeu erros graves com a Petrobras, como no
caso da refinaria de Pasadena. Hoje, uma ação da estatal vale R$ 12,60, contra os R$ 29 que valia na época em que ela assumiu a Presidência.
O que agrava o episódio é que tanto a Petrobras como a Eletrobras atolaram por causa de uma decisão politicamente oportunista e economicamente leviana. Trata-se de vender energia a preços baixos para acomodar o índice do custo de vida, segurando a popularidade do governo. O truque é velho. Mesmo quando deu resultados políticos imediatos, sempre acabou em desastres para a economia.
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