Jornalista Andrade Junior

sábado, 22 de março de 2014

Lula prometeu revelar segredos tremendos depois do julgamento do mensalão. O que tem a dizer o sherloque de chanchada?


AUGUSTO NUNES - DIRETO AO PONTO

O colossal acervo de bravatas, bazófias e bobagens enunciadas por Lula foi enriquecido em janeiro de 2010 pela incorporação de um monumento à inventividade irresponsável. Durante o programa É Notícia, apresentado na RedeTV! pelo jornalista Kennedy Alencar, o ainda presidente anunciou, entre um pontapé na gramática e uma bofetada na sensatez, que tão logo deixasse o cargo faria muito mais que provar por A + B que o mensalão nunca existiu. Colocando os pingos nos is e dando nomes aos bois, Lula deixaria claro que a quadrilha empenhada em algemar o Estado de Direito foi apenas uma invencionice forjada pelos golpistas de sempre para camuflar uma trama destinada a despejar do Planalto o maior dos governantes desde Tomé de Souza.
Confira um trecho da entrevista:
“Eu acho que tem um mistério que foi a tentativa de golpe no governo. Eu vou, depois que deixar a presidência, eu vou querer me inteirar um pouco mais disso, que como Presidente, eu não posso ficar futucando, mas eu quero saber porque eu acho que foi a maior armação já feita contra um governo. Como presidente, eu quero me guardar para não ficar utilizando o cargo de presidente para levantar minhas teses, que é muito desagradável isso. Mas um dia, nós vamos conversar sobre isso. Falta só um ano para eu deixar a presidência”.
O sumiço de quase três anos foi interrompido em 13 de novembro de 2013, quando o sherloque de chanchada reapareceu numa quermesse do PT em Campo Grande. Em vez do resultado das investigações, revelou com uma única frase que ainda não era hora de contar o que descobriu:
“Tenho dito para todo mundo: eu, quando terminar toda a votação sobre o mensalão, aí eu quero falar algumas coisas que eu penso a respeito disso”, disse em 13 de novembro de 2013.
Quarenta e oito horas depois, o primeiro lote de mensaleiros condenados foi para a gaiola. Mas Lula preferiu guardar três dias de silêncio antes de  frustrar a plateia, em 18 de novembro de 2013, com outro adiamento:
“Eu vou esperar o julgamento total, que eu tenho muita coisa a comentar e eu gostaria de falar sobre o assunto. Por enquanto, por enquanto, por enquanto, não, Eu tô aguardando que a lei seja cumprida e quem sabe eles fiquem em regime semiaberto”.
O estoque de desculpas esfarrapadas está esgotado. Lula já não é presidente, o julgamento terminou, as sentenças foram fixadas, não há mais nada a votar. O que espera para apresentar as provas do complô? Desde que deixou a presidência da República, ele tem desempenhado simultaneamente várias atividades. Enquanto enriquece como camelô de empreiteiro disfarçado de palestrante, é tutor de Dilma Rousseff, único Deus da seita companheira, conselheiro do mundo, imperador do PT, fabricante de acordos eleitoreiros, colecionador de diplomas de doutor honoris causa, candidato ao prêmio Nobel da Paz, prefaciador de livros escritos por Aloizio Mercadante e colunista do jornal The New York Times.
A conversa fiada sobre o mensalão informa que consegue tempo para distrair a plateia encarnando um detetive de picadeiro.

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