Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 27 de março de 2014

A Petrobras virou uma usina de negócios desastrosos e casos de polícia

 AUGUSTO NUNES - DIRETO AO PONTO

O valor de mercado da Petrobras caiu pela metade entre 2010 e 2014. Em 2013, cresceu em 50% a dívida da empresa que, em cinco anos, despencou do 12° para o 120° lugar no ranking das maiores do mundo. A autossuficiência proclamada por Lula em 2006 morreu afogada no oceano de barris importados mensalmente. As jazidas milagrosas do pré-sal continuam onde sempre estiveram desde o Dia da Criação. Só o palanque ambulante conseguiu enxergar no fundo do mar a “dádiva de Deus” que transformaria o Brasil Maravilha em sócio perpétuo da OPEP.
Aberto na semana passada por uma reportagem do Estadão, o baú de notícias espantosas não para de assombrar milhões de brasileiros que não sabiam de nada. Na quarta-feira, 19 de março, Dilma Rousseff confessou que em 2006, quando presidia o Conselho Administrativo da Petrobras, aprovou sem ter lido o contrato da compra, por 360 milhões de dólares, de metade da refinaria que meses antes custara 42,5 milhões a uma empresa belga.
Na quinta, a culpa pelo negócio que acabou engolindo US$ 1,18 bilhão foi transferida para Nestor Cerveró, diretor da Área Internacional da Petrobras até 2011 e, desde então, diretor financeiro da BR Distribuidora. Na sexta-feira, soube-se que Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro, ajudara a arquitetar o melhor negócio da história da Bélgica instalado no gabinete de diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras.
Os jornais de sábado informaram que a punição chegara oito anos depois de cometido o pecado: Cerveró, de férias na Europa, fora demitido pelo Conselho de Administração da BR Distribuidora. No domingo, o negociante desempregado avisou que ficaria em silêncio num tom de quem estava pronto para abrir o bico. Na segunda, enquanto prosseguiam os trabalhos de parto da CPI da Petrobras, o noticiário político-financeiro-policial teve de abrir espaço para a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
No editorial de terça-feira, o Estadão comenta o que anda acontecendo nas catacumbas da obra planejada pela dupla Lula-Chávez. Quando foi concebida, custaria US$ 2 bilhões. Já chegou a US$ 18 bilhões sem sequer ter nascido. “A parceria com a PDVSA, em termos desvantajosos para o país, é o fruto podre das afinidades ideológicas de Lula com o ‘socialismo do século 21′ do autocrata Hugo Chávez, de um lado, e, de outro, da néscia intenção de mostrar altivez perante os Estados Unidos”, lembra o texto.
No meio desse tsunami que mesmo milhares de parágrafos não conseguiriam descrever em sua assustadora inteireza, encalhou na praia a garrafa com a mensagem do PT. “Mais uma vez, estamos presenciando a oposição e os setores conservadores da nossa sociedade fazer ataques para atingir a imagem da Petrobras”, delira um trecho da nota redigida pelos Altos Companheiros. Os bandidos do faroeste estão preocupados com a reputação do banco que saqueiam há mais de 11 anos. Haja cinismo.

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