Fábio Galão, Gazeta do Povo
A venezuelana Tamara Taraciuk Broner, diretora interina da ONG Human Rights Watch e chefe do Centro Peter Bell para o Estado de Direito no Diálogo Interamericano, um think tank dos Estados Unidos, disse que os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, da Colômbia, Gustavo Petro, e do México, Andrés Manuel López Obrador, devem parar de usar “eufemismos” sobre a Venezuela e falar com clareza que o ditador Nicolás Maduro “roubou” a eleição presidencial de 28 de julho.
“É importante que não reconheçam o resultado do partido no poder exigindo uma verificação das atas. Eles têm de falar claramente e dizer, preto no branco, que as eleições foram roubadas na Venezuela. E é importante que pressionem por uma negociação, mas não para negociar um pacto de coexistência política, mas sim para uma transição democrática em que ocorra a ascensão da oposição e a saída de Maduro”, disse Taraciuk, em entrevista ao jornal colombiano El Tiempo.
“Houve eleições aqui. Um grupo venceu e outro perdeu. E esse é o ponto de partida para qualquer negociação”, afirmou a diretora.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, dominado pelo chavismo, alega que Maduro venceu a eleição presidencial, mas não apresentou as atas de votação que comprovariam isso.
A oposição disponibilizou num site cópias de mais de 80% das atas, que atestam que seu candidato, Edmundo González, venceu a eleição. Lula, Petro e Obrador cobram que o CNE divulgue as suas atas.
“Na América Latina, temos governos, especialmente os de esquerda, que não são coerentes porque as suas decisões em matéria de política externa e de direitos humanos são influenciadas por uma visão ideológica. A exceção notável é a de [Gabriel] Boric no Chile. Mas hoje os governos de Lula, Petro e Obrador têm a enorme responsabilidade de chamar as coisas pelos seus nomes e deixar de falar da Venezuela com eufemismos”, disse Taraciuk, citando também a hesitação dos três presidentes diante da repressão aos protestos que contestam o resultado eleitoral oficial na Venezuela.
“O papel de Petro, Lula e Obrador é crítico e a sua responsabilidade enorme, para o bem ou para o mal. Seria indefensável, e acarretaria consequências internas e externas, se depois de tudo o que aconteceu acabassem sendo eles a legitimar a fraude de Maduro”, disparou.
Fábio Galão, Gazeta do Povo
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