Alex Pipkin, PhD
Na esteira do contexto eleitoral paulistano, tenho lido muito sobre um suposto “ideal”, aquele relacionado ao fato de que os eleitores “sabem o que querem”.
Dito de outra forma, os eleitores querem ouvir e conhecer, objetivamente, as reais propostas para a solução dos problemas que os cidadãos enfrentam em suas vidas cotidianas. Além disso, “especialistas” afirmam que o eleitorado brasileiro é conservador. Sim, claro, tendo no Planalto um comunista - e corrupto - declarado! Aliás, dia sim, outro dia sim, o ex-presidiário conspurca o capitão, ex-presidente. Desse modo, supõe-se que o eleitor paulistano rejeitaria as atuais grosserias, os ataques e os bate-bocas entre os candidatos.
Como não sou especialista nessa temática, genuinamente, tenha minhas e muitas dúvidas a esse respeito. Num país tomado pela hiperpolarização política - e vejo a polarização como positiva, não a “hiper” -, em especial, pela corrente ideológica que se alimenta do divisionismo social, incluindo aqui comunistas, socialistas e social-democratas, poder-se-ia esperar, na realidade objetiva, algo diferente do que está ocorrendo? Racionalmente, minha resposta é um rotundo não.
Eu não acredito que, de modo geral, o eleitor nacional seja mesmo politizado, no sentido de conhecer e buscar candidatos que apresentem, pragmaticamente, as referidas “soluções” acima mencionadas.
De mais a mais, agora franqueado pelo acesso às redes sociais, os eleitores tupiniquins têm razões de sobra para verem os políticos como mentirosos contumazes, não confiáveis. Eles estão muito mais focados nos seus - abissais - interesses pessoais e tribais, do que no bem-estar populacional.
Vêm-me à mente a frase lapidar do grande Thomas Sowell: “Ninguém entende de verdade a política até compreender que os políticos não estão tentando resolver os nossos problemas. Eles estão tentando resolver seus próprios problemas - dentre os quais ser eleito e reeleito são número 1 e número 2. O que quer que seja o número 3 está bem longe atrás”.
Vejam, agora, em época de eleição, eles trocam de posição como trocam de cuecas e/ou sutiãs. O candidato Boulos, vulgo o “invasor de propriedade alheia”, por exemplo, presentemente, transformou-se no cidadão mais religioso do mundo. Claro, só para inglês ver. Os incentivos para que eles ajam “estrategicamente” são brutais e sistemáticos.
Qualquer ser, com mais de um neurônio, sabe que os políticos ajustam seus comportamentos, posições e narrativas, a fim de maximizar as suas chances de serem eleitos. Desconheço até que ponto esses “especialistas” entendem de comportamento humano.
De minha parte, não possuo um fiapo de dúvida, de que os traços de personalidade de um candidato, a atitude, a assertividade, e a franqueza na exposição das ideias e “coisas” - pelo menos, alguma legítima -, entre outros atributos, estejam associados a um aumento das possibilidades de se conquistar votos.
Fala-se muito da caça aos cliques nas redes sociais, aludindo-se, seguramente, ao candidato Marçal. Muito embora isso seja um fato, a ideia de ser intolerante com os “mentirosos intolerantes”, lhe renderá muitos e muitos adeptos e votos.
Em suma, sou um mero opinador e, portanto, nessa republiqueta das bananas e do arrozal, o nome do jogo, de certa forma, tristemente, tem se resumido aos posicionamentos ideológicos, aqueles que fazem realmente com que suas tribos vibrem e se agigantem.
É evidente que num cenário ideal eu gostaria que a conversa fosse outra, em alto nível, embasada no conhecimento e em propostas úteis e concretas. Não é o que temos para o - tenebroso - momento.
O que se vê, sem necessitar de óculos, é a baixaria e a comercialização de posições em função do que se espera que o perfil do eleitor brasileiro compre - e vote. Penso até que o eleitor possa declarar que está em busca das verdadeiras soluções para os reais problemas de sua cidade, porém, uma coisa pode se dizer, outra, bem distinta, é o que ele digita na “maquininha”.
Não tenho as respostas. Os próximos capítulos revelarão a “verdade”.
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