Jornalista Andrade Junior

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

30 anos do real como moeda nacional.

 GUSTAVOFRANCO


Estamos celebrando 30 anos do real como moeda nacional.

O primado do real. Há muito simbolismo aí.

A moeda é o equivalente universal. Nada comporta mais metáforas. A moeda é qualquer coisa que você quiser, diz Jorge Luis Borges. É, para ele, o tempo futuro, uma tarde flanando, a música de Brahms, a sua liberdade de escolher. A cafetina entre a necessidade e o objeto, segundo Marx.

Agora imagine uma moeda chamada real.

Qualquer pessoa em 1993, como hoje, entenderia a ideia de “valor real”. Era, e ainda é o poder de compra. Nossa Constituição está repleta de passagens falando em valores reais. Quem viveu a inflação sabe do que se trata.

Quando, então, apareceu uma “unidade real” em fevereiro de 1994, todos compreenderam. Foi fácil batizar e adotar o real, e ao fazê-lo, o país pôs fim a uma longa embriaguez na construção institucional da sua moeda. É sempre bom recordar. Ainda que penoso. A lembrança da Cracolândia bem serve ao esforço de abstinência.

O real conheceu seis presidentes nesses 30 anos: os do PT (Lula e Dilma) são levemente majoritários, pois ocuparam 50,5% do tempo (5.538 dias de 10.9581). FHC vem em seguida com 26,7%, Bolsonaro com 13,2%, Temer com 7,8% e Itamar Franco com 1,7%.

A moeda nacional é de todos, e de cada um de nós.

O padrão monetário devia ser para sempre. Como a bandeira e o hino. São escolhas fundadoras, feitas geralmente quando a Nação se constitui. Mas cada país tem a sua história, cada uma de um jeito. A nossa é diferente: extrema e confusa, mas é nossa.

O orgulho pelo que temos hoje é do tamanho das dificuldades que tivemos que superar.

O real é apenas 5 anos (e pouco) mais moço que a nossa Constituição.

Somos uma nação jovem, cuja Carta fez 34 anos e já teve 132 emendas. A juventude é a reconstrução permanente, certo?

Essa mesma Constituição já conviveu com cinco padrões monetários diferentes. Nasceu com o cruzado, introduzido em 1986. Em seguida veio o cruzado novo, o cruzeiro (num arranjo que manteve as duas moedas, com os cruzados aprisionados no porão) e, em meados de 1993, veio o cruzeiro real, logo antes de o país enfrentar o vexame de emitir uma cédula de 1 milhão.

Nenhum país sério emite uma cédula de 1 milhão.

O truque de “cortar os zeros” era bem conhecido. Mais ou menos como trocar as fraldas do dinheiro.

Bem, em fevereiro de 1994, veio a URV, a se transformar no real quatro meses depois, em 1º de julho. De novo, o país tinha duas moedas, na verdade uma e meia, dessa vez para consertar a bagunça.

Que História, essa nossa!





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