Roberto Rachewsky
A miopia do nosso jornalismo é uma das sete pragas que nos mantém no atraso moral, político e econômico em que vivemos. Culpa do nosso sistema educacional que quer que as pessoas não enxerguem a realidade, e por isso a escondem por trás do véu da desinformação produzido por professores tão ignorantes quanto seus alunos, ou muito mal-intencionados.
O véu da desinformação a que eu me refiro se materializa através da perversão no uso dos conceitos ou do processo de desintegração e invalidação da informação, impedindo-a de se transformar em conhecimento. A manipulação das palavras e seu mau uso, involuntário ou deliberado, impede que as pessoas completem o processo cognitivo que nossa racionalidade permite e nossa condição existencial exige.
A manchete desta notícia sugere que pontes construídas pelo governo dispensam dinheiro privado e que o dinheiro utilizado na ponte construída em Nova Roma do Sul não era público.
Existe aqui a confusão entre o que é público e o que é estatal. Todo dinheiro estatal é público. Tornou-se público, porque o estado se adonou do que antes era privado. O dinheiro angariado pela comunidade que se organizou para construir a ponte se tornou público, porque os privados, os indivíduos, particulares ou empresas, contribuíram voluntariamente para que o objetivo comum, construir a ponte, fosse alcançado.
A ponte, que terá uso público, foi construída por administradores, arquitetos, engenheiros, empreiteiros e operários, mas sem a participação do estado.
A diferença entre dinheiro público privado e o dinheiro público estatal é o uso da força. No primeiro, a contribuição é voluntária. No segundo, a contribuição é coercitiva. Só isso já faz com que a ponte existente seja superior à projetada pelo governo. Ela é superior em termos morais e políticos. Provavelmente também em termos econômicos.
A sociedade pode se organizar para criar valor mediante bens públicos sem usar a força uns contra os outros, exatamente aquilo que o governo deveria proteger. O governo, polícia, justiça e forças armadas também deveriam ser financiados voluntariamente por aqueles que querem segurança e justiça.
publicadaemhttps://www.institutoliberal.org.br/blog/economia/a-confusao-entre-o-publico-e-o-privado/
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