por J.R. Guzzo
Presidentes da Câmara e do Senado estão hoje entre as pessoas mais abominadas do País. Nada pode ser considerado normal quando o presidente da Câmara dos Deputados faz 250 viagens em jatinhos da FAB durante o único ano de 2019 – mesmo porque uma das razões alegadas para isso é o fato de que ele não pode andar em nenhum meio de transporte público, para não ser triturado por vaias.
Tanto faz, de certa forma, quanta gente vai ou não vai para a rua, ou quantas vezes está disposta a ir no futuro mais próximo.
Tanto faz, de certa forma, quanta gente vai ou não vai para a rua, ou quantas vezes está disposta a ir no futuro mais próximo.
Além e acima de tudo isso, há um fato que não muda: o Congresso Nacional e todo mundo que está lá dentro formam hoje um dos grupos de seres humanos mais odiados do Brasil.
Se fizessem uma “pesquisa de opinião” perguntando ao brasileiro qual o ambiente que ele respeita mais – a penitenciária da Papuda ou a dupla Câmara-Senado – qual você acha, sinceramente, que seria a opinião da maioria?
Melhor não fazer pesquisa nenhuma, não é mesmo?
A Papuda, na verdade, bem que poderia ser hoje a residência verdadeira de muitos dos nossos parlamentares – levando-se em conta que até setembro de 2019 cerca de 100 deputados, pelo menos, respondiam a ações penais no STF.
É muito ruim para a democracia de qualquer país que o Poder Legislativo seja tão detestado como o brasileiro.
É muito pior, ainda, que os culpados disso sejam os próprios deputados e senadores, pelos atos que cometem e pela conduta que exibem ao público.
Não é o “fascismo” que está sabotando o Congresso, nem a direita – embora existam, sim, grupos de extremistas que querem acabar com a história toda mandando para lá um cabo e dois soldados.
Mas essa turma jamais seria capaz de derrubar um guarda noturno se tivesse como alvo pessoas de bem.
É o caso?
Não é – e não adianta fazer de conta que é.
A maioria da população, hoje, iria aplaudir se a Câmara e o Senado fossem fechados por um ato de força, ou ficariam indiferentes.
Uma democracia assim está doente.
A verdade é que são eles mesmos que construíram, tijolo por tijolo, a sua imagem infame junto à maioria da população.
A mídia, os partidos, as entidades que representam alguma coisa, os sociólogos, etc. se levantam indignados em defesa do Congresso.
Queriam o quê?
Basta ver o que fazem, no dia a dia da vida real, os deputados e senadores.
Não é só a questão criminal – estão sendo processados por peculato, concussão, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa, falsificação de documento.
Conseguem, até mesmo, ser acusados em ações penais por trabalho escravo.
Talvez pior que isso seja a postura que, no entender das pessoas, eles têm diante do interesse público – sempre que veem alguma chance, ficam contra.
Escondem-se atrás de crimes coletivos, no plenário, para saquear o País.
Os congressistas brasileiros são, eles mesmos, uma dificuldade quase insuperável para quem, honestamente, quer defender o Poder Legislativo.
Às vezes, até, nem merecem a imagem que têm.
Ainda no ano passado, por exemplo, aprovaram a reforma da Previdência Social, uma obra que poucos parlamentos do mundo fizeram até hoje.
Mas isso já está esquecido – o que interessa é o que o povo acha deles agora.
E agora, além do passivo criminal, são vistos como inimigos de tudo o que o governo tenta fazer para melhorar o País, e como bandidos que agem o tempo todo contra as mudanças que o Brasil precisa.
Nada pode ser considerado normal quando o presidente da Câmara dos Deputados faz 250 viagens em jatinhos da FAB durante o único ano de 2019 – mesmo porque uma das razões alegadas para isso é o fato de que ele não pode andar em nenhum meio de transporte público, para não ser triturado por vaias.
Temos, aí, que o chefe da Casa do Povo não pode chegar a um metro do povo.
É aceitável, uma coisa dessas?
Apesar de toda a sua mediocridade, que sempre funciona como um manto protetor para qualquer político, os presidentes da Câmara e do Senado estão hoje entre as pessoas mais abominadas do País.
Não dá para funcionar assim – com ou sem gente na rua.
O Estado de São Paulo
extraídaderota2014blogspot
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