Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 26 de março de 2020

Uma imprensa livre na China poderia ter evitado a pandemia

Gabriel OnetoRevista Oeste  Segundo denúncia dos Repórteres Sem Fronteiras, o número de casos do coronavírus poderia ser 86% menor se o mundo tivesse 
sido avisando antes

A China é um dos países mais autoritários do mundo. De acordo com o Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa da Repórteres Sem Fronteiras (RSF) de 2019, o China ocupa a 177ª posição entre 180 países avaliados.
Segundo a ONG, é possível afirmar que sem a censura e o controle impostos pelas autoridade do Partido Comunista, os meios de comunicação chineses teriam informado a população sobre o coronavírus mais cedo. Isso poderia ter poupado milhares de vidas no mundo todo e, quem sabe, até evitado a pandemia.
A Universidade de Southampton, no Reino Unido, publicou uma análise onde demonstra que o número de infectados poderia ser 86% menor se as medidas contra a epidemia tivessem sido tomadas duas semanas antes do dia 20 de janeiro. Utilizando a cronologia da crise, a RSF mostra como a censura ajudou que a pandemia se espalhasse pelo mundo.
No dia 18 de outubro, o Centro Johns Hopkins de Segurança em Saúde, com o apoio do Fórum Econômico Mundial e a Fundação Bill e Melinda Gates realizou uma simulação sobre uma pandemia de coronavírus com o resultado assustador de 65 milhões de mortes em 18 meses.
Caso a internet na China não fosse terrivelmente censurada, as autoridades do país teriam se interessado por esse estudo, visto que ele foi inspirada na epidemia de SARS (síndrome respiratória aguda grave), causada por um coronavírus e que deixou mais de 800 mortos em 2013.
Em 20 de dezembro, Wuhan já contava com 60 pacientes do coronavírus, que ainda era desconhecido. Apesar da grave situação, os meio de informação não foram informados pelas autoridades. Caso a pandemia não tivesse sido escondida no início, muitos já teriam parado de visitar o mercado de Wuhan, local onde a doença teria feito as suas primeiras vítimas, muito antes dele ter sido fechado no dia primeiro de janeiro.
O diretor do departamento de gastroenterologia do Hospital Número 5 da cidade de Wuhan, Lu Xiaohong, começou a suspeitar que a doença era transmitida entre humanos no dia 25 de dezembro. Como a China impõe até penas severas de prisão para quem divulga informações a jornalistas, o médico não pode alertar a imprensa, o que poderia ter levado o governo a agir antes para deter a doença.
No dia 30 de dezembro, um grupo de  médicos liderados pela diretora da emergência do Hospital Central de Wuhan, Ai Fen,  divulgaram um documento de alerta na internet censurada do país. O grupo foi ameaçado pelas autoridades por divulgar rumores mentirosos.
Caso a imprensa fosse livre e as mídias sociais não fossem controladas, o público teria ficado consciente da situação e poderia fazer pressão para que as autoridades tomassem medidas de contenção do coronavírus.
A China informou a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a nova doença no dia 31 de dezembro e no mesmo dia começou a censurar qualquer palavra relacionada ao termo epidemia no WeChat, a maior rede social do país, com mais de um bilhão de usuários. Sem a censura, jornalistas e especialistas poderiam transmitir informações e conselhos de proteção para o público através da plataforma.
No dia 5 de janeiro, uma equipe do Centro Clínico de Saúde Pública de Xangai liderada pelo professor Zhang Yongzhen conseguiu sequenciar o genoma, mas foram proibidos de divulgar a descoberta. Em 11 de janeiro, os pesquisadores vazaram as informações para a comunidade científica internacional, o que levou ao fechamento do laboratório pelo Estado Chinês.
Caso tivesse agido com transparência, a descoberta teria sido comunicada imediatamente para a comunidade científica de todo o mundo, o que levaria que pesquisas para o desenvolvimento de vacinas começassem antes.
Em 13 de janeiro foi registrado o primeiro caso de coronavírus fora da China. A vítima foi um turista chinês de Wuhan que estava visitando a Tailândia. Caso a mídia internacional pudesse acessar as informações que as autoridades da China estavam escondendo, a pandemia global poderia ter sido evitada.
Todo esse episódio só demonstra como a liberdade de informação e imprensa é algo fundamental e essa pandemia, assim como o desastre de Chernobil, na então União Soviética, demonstra como ditaduras não sabem lidar com situações difíceis.






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