por Gustavo Patu
A eleição presidencial do ano seguinte foi vencida por um
pseudo-outsider com uma plataforma de reformas liberais, mas o bloco
conservador barrou a agenda e Fernando Collor acabou deposto.
Nos anos seguintes se estabeleceu a disputa entre PT e PSDB, este uma
agremiação de centro-esquerda depois convertida a princípios econômicos
mais ortodoxos, aquele uma frente de discurso radical e prática
corporativa.
No debate político nacional, o mercadismo envergonhado dos tucanos
passou a fazer as vezes da direita, enquanto a defesa convicta do statu
quo estatal pelos petistas ficou com o lugar da esquerda.
Já o centrão,
hoje com minúscula, fragmentou-se em nichos, partidos e blocos
ocasionais, mas preservando, em seu conjunto, as benesses do poder e a
condição de filtro conservador —capaz de conter ora uma privatização,
ora um tributo sobre fortunas, ora o casamento entre homossexuais.
Pragmática, a massa parlamentar amorfa sabe que o momento exige
providências para estancar a sangria orçamentária. É interesse do
parasita manter vivo o hospedeiro.
Um ajuste básico, com um mínimo de interesses contrariados e apenas o
suficiente para reduzir as tensões econômicas e políticas, deve ser o
programa de governo tácito de um centrão expandido em 2019.
Foi o que se concedeu no Plano Real ao tucanato e a Lula no início de sua gestão. Ainda assim, a um preço elevado.
Folha de São Paulo
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