Jornalista Andrade Junior

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

O BAÚ DA MEMÓRIA

por Nelson Oscar de Souza.

 Interessar-me por política, desde os 14/15 anos, abriu-me uma dupla perspectiva que resultou em uma visão privilegiada dos homens públicos por mais de setenta anos.
Deveria ser pelos anos 1943/1944 que o Reitor do Colégio Anchieta nos visitava em aula, na Semana da Pátria, cumprindo a imposição de elogiar o Ditador e seu governo. Fazia-o a contragosto e seco… Em casa, passando essa orientação, à mesa com os meus, eram constantes e azedas as discussões com meu avô.
Por essas razões, e talvez por alguma disposição própria, não mais abandonei esse exame da política, embora só para uso interno, dada a vedação profissional/constitucional.
Recordo, saudoso, a campanha eleitoral de 45/46, e a profunda tristeza com a derrota do brigadeiro Eduardo Gomes no pleito em que o ex-Ministro da Guerra da ditadura -- clone criado por Vargas (ah, Dilma…) --, foi eleito Presidente pelo voto popular. Mais adiante, o “Queremos Getúlio!”, visando o retorno de Vargas.
Digo tudo isso porque figuras como Vargas, Tancredo, Ulysses, Lacerda ou Sarney passaram por mim no devido tempo.
Vamos pensar um pouco: hoje, Temer é fruto de uma concepção e vivência políticas. Getúlio e Temer, quanta argúcia; Tancredo e Temer, quanta negociação; Sarney e Temer, quanta duplicidade; Ulysses e Temer, quanta determinação; Lacerda e Temer, quanta competitividade…
Vargas, na surdina, as reformas saindo, uma a uma; o denodo de Ulysses ultrapassando barreiras que o populismo barato opunha e os corporativismos míopes não admitiam. FHC (“Diários da Presidência”) assentou (1995) que a reforma mais urgente seria a da Previdência, mas teria a enfrentar o radicalismo corporativo! A cena se repete. Nada surpreende.
O texto que o eventual leitor acabou de ler veio a propósito da obra “O Homem que pensou o Brasil”. Agora, depois de três décadas, a reforma trabalhista, aprovada pelo Congresso, adotou os temas de projetos propostos pelo homem que pensava o Brasil, e que foram rejeitados na década de oitenta. Refiro-me a Roberto de Oliveira Campos.
Hoje, o tempo e a economia oferecem a sua conta implacável.
*Desembargador aposentado do TJ/RS






























extraidadepuggina.org

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