editorial de O Globo
Levou tempo para que, nos relatos sobre a corrupção enfrentada pela Lava-Jato e outras operações, a discreta Dilma Rousseff começasse a ocupar seu espaço, à altura dos cargos que exerceu, de ministra, de presidente do Conselho de Administração da Petrobras e da República.
Dilma Rousseff não poderia mesmo estar fora do esquema de corrupção do petrolão, principal fonte do dinheiro que iria financiar campanhas e o projeto de poder lulopetista, além de elevar o padrão de vida de dirigentes, Lula à frente.
Agora, confirma-se que a presidente da República, de fato, vazou informações confidenciais da Polícia Federal para alertar seus marqueteiros João Santana e Mônica Moura de que a Lava-Jato se aproximava deles. Crime sério, contra o Estado que jurou sobre a Constituição defender, e que joga suspeição sobre José Eduardo Cardozo, seu ministro da Justiça, a quem a PF estava administrativamente subordinada.
Na delação premiada, Mônica relatou ter instruído Dilma a usar e-mails de conhecimento apenas das duas, em que mensagens eram digitadas e guardadas em “rascunho”. Não eram, portanto transmitidas, mas acessadas por uma e outra, para deixar ou recuperar informações. Por não transitarem pela rede, não podiam ser interceptadas.
A ex-presidente negou com veemência mesmo que Mônica, para se precaver, houvesse registrado em cartório uma mensagem cifrada em que a presidente alertava o casal sobre a possível prisão dele pela PF. Como ocorreu. Os desmentidos da ex-presidente foram pulverizados.
Dilma já havia sido acusada pelo ex-diretor Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, de saber de tudo sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, superfaturada para bombear dinheiro no esquema do petrolão e bolsos privados.
Existe, ainda, o crime de obstrução de Justiça, cometido por Dilma na tentativa de nomear Lula ministro da Casa Civil, para abrigá-lo no foro privilegiado do STF. O ex-ministro Antonio Palocci, por sua vez, testemunhou que ela estava a par do esquema montado para usar investimentos da Petrobras no pré-sal com a finalidade de financiar o PT, além de sua própria eleição.
Ministra de Minas e Energia e presidente do Conselho de Administração da estatal, Dilma foi, portanto, corresponsável pela desestabilização da empresa, movida a interesses políticos e a ideologia.
É oportuno recordar que, por trás da devassa que começa a ser feita, a partir da delação do doleiro Lúcio Funaro, delineia-se também Dilma Rousseff. Porque foi ela, como presidente, que ajudou a que o segmento da Câmara do “quadrilhão do PMDB” — em que se incluem Temer, Cunha, Geddel, Moreira, Padilha — ocupasse parte da Caixa Econômica, principalmente o fundo de investimento com recursos do FGTS. Segundo denúncias, milhões em propinas para o grupo saíram dali.
extraídaderota2014blogspot
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