APÓIO RODRIGO DELMASSO DEPUTADO DISTRITAL 19123
Numa época de
mentiras universais, dizer a verdade é um ato revolucionário. Se George
Orwell estivesse por ai, seria prontamente acusado de terrorismo
eleitoral.
Enquanto
insistirem em falar mentiras sobre os “neoliberais”, cumprirei o
compromisso de falar verdades sobre o governo.
Há dois
elementos constrangedores envolvendo o governo Dilma: a incompetência e
a desonestidade intelectual - essa última conhecida popularmente como
hábito da mentira.
Inventam o que
querem para evitarem a mudança de endereço. Abaixo listo as dez
mentiras que mais me incomodam, cujas implicações ao seu patrimônio
podem ser substanciais.
Restrinjo-me a
questões de economia e finanças. Não imagino que a mitomania limite-se
a essa área, mas prefiro manter-me no escopo, por uma questão de
pertinência desta newsletter.
Ao não
reconhecer os erros, mantém-se a rota errada da política econômica.
Bateremos de frente com uma crise financeira em 2015.
1.
“A crise vem de fora.”
Esse é o
discurso oficial para justificar a recessão técnica em curso no Brasil.
O que os dados podem nos dizer sobre isso? Comecemos do mais simples: o
crescimento econômico do Governo Dilma será, na média, dois pontos
percentuais menor àquele apresentado pela América Latina. Nos governos
Lula e FHC, avançamos na mesma velocidade dos vizinhos.
Indo além, há de
se lembrar que a economia mundial cresceu 3,9% em 2011, 3% ao ano entre
2012 e 2013, e deve emplacar mais 3,6% em 2014. Nada mal.
Comparando com o
pessoal mais aqui ao lado especificamente, Chile, Colômbia e Peru,
exatamente aqueles que adotaram políticas econômicas ortodoxas e
perseguiram uma agenda de reformas na América Latina, cresceram 4,1%,
4,0% e 5,6% ao ano, entre 2008 e 2013.
Enquanto isso, a
evolução média do PIB brasileiro na administração Dilma deve ser de
1,7% ao ano.
A retórica oficial,
desprovida de qualquer embasamento empírico, continua ser de que a
crise vem de fora. Aquela marolinha identificada pelo presidente Lula,
lá em 2008, seis anos atrás, ainda deixando suas mazelas.
2.
“A política neoliberal vai aumentar o desemprego.”
Não há como
desafiar o óbvio de que o produto agregado (PIB) depende dos fatores de
produção, capital e trabalho. Ora, com o PIB desabando por conta da
política econômica heterodoxa, cedo ou tarde bateremos no emprego.
Podemos não
conseguir precisar qual a exata função de produção, ou seja, de como o
PIB se relaciona com o nível de emprego, mas não há como contestar a
existência de relação entre as variáveis.
O crescimento
econômico da era Dilma é o menor desde Floriano Peixoto, governo
terminado em 1894, subsequente à crise do encilhamento. Há uma
transmissão óbvia desse comportamento para o emprego.
Os dados do
Caged de maio apontaram a menor geração de postos de trabalho desde
1992. Em sequência, junho foi o pior desde 1998. E julho, o pior desde
1999.
Quem vai gerar
desemprego é a nova matriz econômica - não o fez ainda simplesmente
porque essa é a última variável a reagir (e a única que ainda não foi
destruída).
3.
“A oposição quer acabar com o reajuste do salário mínimo.”
Essa é uma
mentira escabrosa por vários motivos. O primeiro é trivial: os dois
candidatos da oposição já se comprometeram, em dezenas de
oportunidades, em manter a política de reajuste de salário mínimo.
Ademais, quando
Dilma se coloca como a protetora do salário mínimo, está simplesmente
contrariando as estatísticas. O aumento real do salário mínimo foi de
4,7% ao ano entre 1994 e 2002, de 5,5% ao ano entre 2003 e 2010, e de
3,5% ao ano entre 2011 e 2013.
Ou seja, o
reajuste do mínimo na era Dilma é inferior àquele implementado por Lula
e também ao observado no período FHC. Ainda assim, Dilma se coloca como
o bastião em favor do salário mínimo.
4.
“A política neoliberal proposta pela oposição vai promover arrocho
salarial.”
Esse ponto,
obviamente, guarda relação com o anterior. Destaquei-o mesmo assim
porque denota a doença de ilusão monetária ou uma tentativa descarada
de enganar a população.
Arrocho salarial
já vem sendo promovido pela atual política econômica, por meio da
disparada da inflação. O salário nominal, o quanto o sujeito recebe em
reais no final do mês, não interessa per se. O relevante é como e
quanto esse numerário pode ser transformado em poder de compra - isso,
evidentemente, tem sido maltratado pela leniência no combate à
inflação.
Precisamos dar
profundidade mínima ao debate. Se você consegue aumentos sistemáticos
de salário acima da produtividade do trabalhador, a contrapartida óbvia
no longo prazo é a inflação, que acaba reduzindo o próprio salário
real.
O que os
“neoliberais” querem é perseguir aumentos de produtividade maiores e
duradouros. Isso permitiria dar incrementos de salário substanciais,
sem impactar a inflação.
Caso contrário,
aumentos do salário nominal serão corroídos pela inflação.
5.
“Programa de Marina reduz a pó política industrial.”
A presidente
Dilma realmente não precisa ter essa preocupação, pois ela mesma já fez
o serviço. O Plano Brasil Maior, lançado em 2010 com metas para 2014,
não conseguiu entregar sequer um de seus vários objetivos.
Dilma oferece
simplesmente o maior processo de desindustrialização da história
brasileira, fazendo o presidente da Fiesp afirmar categoricamente que
somente louco investe hoje no Brasil.
Seria pertinente
preocupar-se com a própria política industrial antes de amedrontar-se
com o programa alheio.
Quem defende uma
política de campeões nacionais, em que se escolhem a priori os
vencedores da prática concorrencial desafiando a lógica de mercado, não
entende absolutamente nada de empreendedorismo e política industrial.
O maior elogio
que Marina poderia receber à sua política industrial é a desconfiança
de Dilma.
6.
“A política monetária foi exitosa.”
A frase foi
proferida por Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, em
seminário nos EUA sobre política monetária. A inflação brasileira tem
sistematicamente namorado o teto da meta, de 6,50% em 12 meses,
ignorando o princípio básico de um sistema de metas, em que o centro do
intervalo deve ser perseguido. A banda de tolerância de dois pontos
existe apenas para abarcar choques exógenos.
A rigor, a
inflação em 12 meses está até acima do teto. O IPCA de agosto aponta
variação de 6,51% em 12 meses, estourando o limite superior do
intervalo.
Transformamos o
teto no nosso objetivo e represamos cerca de dois pontos de inflação
através do controle de preços de combustíveis, energia e câmbio.
Esse é o tipo de
êxito que esperamos da política econômica?
7.
“Precisamos de um pouco mais de inflação para não perder empregos.”
Para ser justo,
a frase, ao menos que seja de meu conhecimento, não foi dita ipsis
verbis por nenhum membro do Governo. Entretanto, a julgar pelas
decisões e diretrizes de política monetária, parece permanecer o
racional da administração petista.
O velho
trade-off entre inflação e crescimento, em pleno século XXI?
Bom, antes de
entrar no debate acadêmico, pondero que poderia até ser verdade se
houvesse, de fato, crescimento. Conforme supracitado, não é o caso.
Ignorando esse
fato e fingindo que vivemos crescimento econômico pujante, a questão
sobre o trade-off entre inflação e crescimento parece apoiar-se numa
discussão tacanha sobre a Curva de Phillips.
O debate até
faria sentido se estivéssemos nos idos de 1970. Dai em diante,
Friedman, Phelps e outros destruíram o argumento de mais inflação, mais
emprego.
A partir da
síntese de 1976, naquilo que ficou batizado de crítica de Lucas, com
trabalhos posteriores sobretudo de Kydland e Prescott, a fronteira do
conhecimento passou a incorporar a ideia de que o trade-off entre
inflação e desemprego existe apenas a curtíssimo prazo.
Ao trabalhar com
uma inflação sistematicamente mais alta, rapidamente voltamos a um novo
equilíbrio, com nível de preços maior e o mesmo nível de emprego
original.
E, sim, o espaço
aqui está aberto para o pessoal da Unicamp rebater o argumento de Lucas
(professor Belluzzo incluindo, sem nenhum tipo de enfrentamento aqui;
convite educada e genuinamente a um derbi das ideias). Criticam-nos por
ouvir apenas a oposição e ignoram que eles declinam nosso convites - só
pode haver vozes governistas e/ou heterodoxas em nossos eventos se elas
aceitarem participar, certo? Lembre-se: fizemos o convite ao competente
Nelson Barbosa, que, infelizmente, não pode comparecer por
incompatibilidade de agenda.
8.
“As contas públicas estão absolutamente organizadas. O superávit
primário, embora menor do que em 2008, é um dos maiores do mundo. Dizer
que há uma desorganização fiscal é um absurdo.”
A preciosidade
foi dita pelo ministro Guido Mantega em entrevista ao jornal Valor. O
superávit primário do setor público não é somente menor àquele de 2008.
No primeiro semestre, foi o menor da história, em R$ 29,4 bilhões.
Nos últimos 12
meses, a variável marca 1,4% do PIB, sendo metade derivado de receitas
extraordinárias, como Refis e leilão de libra. E se considerarmos o
atraso em pagamentos em subsídios, precatórios e repasses aos bancos
públicos para benefícios sociais, provavelmente não passamos de 0,5% do
PIB.
O déficit
nominal bate 4% do PIB, flertando com aumento de dívida, maiores
impostos e/ou mais inflação à frente. Essa é a herança que a “absoluta
organização das contas públicas está nos deixando.”
9.
“Nunca foi feito tanto pelo pobre neste país.”
Intuitivamente,
você já poderia desconfiar da afirmação quando pensa na inflação, que é
um fenômeno essencialmente ruim para as classes mais baixas. Os
abastados têm um estoque de riqueza aplicada em ativos que remuneram
acima da inflação. Logo, estão em grande parte protegidos. A inflação é
um instrumento clássico de concentração de riqueza.
Mas há de ser
além da simples intuição, evidentemente. Aqui, a PNAD (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios) de 2012, última disponível, é
emblemática.
A constatação
principal é de que, depois de 10 anos ininterruptos de melhora, a
desigualdade de renda para de evoluir em 2012. O coeficiente de Gini,
medida clássica de equidade, para de cair e as curvas de Lorenz de 2011
e 2012 são sobrepostas.
Em adição, a
relação existente entre a renda apropriada pelo 1% mais rico da
população e os 50% mais pobres aumenta de 0,66 para 0,69. Ou seja, o
resultado é simples: quebramos uma sequência de 10 anos de avanço da
distribuição de renda no Brasil.
A política
econômica heterodoxa não cresce o bolo e também não o distribui de
forma mais equitativa.
10.
“A oposição faz terrorismo eleitoral.”
Se você
compactua com um dos nove pontos anteriores, você é um terrorista
eleitoral, egoísta e interessado apenas em si mesmo. Provavelmente, é
financiado por um dos candidatos de oposição.
Enquanto isso, a
situação acusa a candidata oposicionista de homofóbica e de semelhanças
com Fernando Collor. Sim, ele mesmo, parte da base de apoio
da....situação.
Seríamos nós,
analistas e economistas, os terroristas?
Essa é a herança
que fica para 2015. Você tem dois caminhos a adotar: o primeiro é
esperar as consequências materiais dessa gestão desastrosa sobre seu
patrimônio, e o segundo é começar a se mexer, de modo a proteger ou até
mesmo aumentar suas economias.RECEBI VIA EMAIL





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