Jornalista Andrade Junior

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

‘Campanha não é governo’

APÓIO RODRIGO DELMASSO DEPUTADO DISTRITAL 19123


Oliver:

Instado a dar sua contribuição ao Estado de coisas que vivemos neste país, Diogo Mainardi saiu-se com um texto divertido e irônico sobre a eleição. Ele se declara eleitor de Marina, mas só até a data da posse. Apesar de discordar amistosamente do que Diogo professa, entendo sua posição ─ até por ter parentes que repetem as considerações de Mainardi e enxergam exatamente o que ele vê. Eu mesmo me confesso um cansado de guerra por tentar induzir o pesado PSDB a ser o que ele não é: um partido que efetivamente faz oposição a tudo isso que aí está e defende a decência na administração pública.

Vejo o que Diogo Mainardi vê ao chamar os tucanos de “adversários amestrados” da petralharia e sinto a mesma indignação ao ver que o carrinho de fórmula 1 dos candidatos tucanos contam sempre com um telefone no cockpit, para que a escuderia peça que pedir que encostem para alguém ultrapassá-los. Foi o que aconteceu com o jatinho errante de Marina, meus caros. Enquanto o marqueteiro dizia ao candidato que para ficar mais conhecido deveria distribuir abraços entre os  velhinhos e tapinhas nas costas de seus sorridentes eleitores, a fada da floresta se consolidava dizendo que governará com ninguém menos que FHC. Hehehe.
Taí uma coisa que muita gente vai ficar sem entender: enquanto o eleitor mediano é apresentado a Armínio Fraga como chefe da equipe econômica de Aécio, Marina Silva contra-ataca com o chefe de todos os criadores do Plano Real. Campanha é campanha, meus amigos. Não é governo. Vale chute na canela e pernada no umbigo, obviamente com toda a pompa e circunstância que o cargo pleiteado exige. A Presidência da República virou um alvo prioritário de um bando de vigaristas profissionais, que jamais administraram nem a lista do supermercado, mas se julgam no direito de dirigir a nação ─ e que se dane o povinho que ela contém. Um escárnio.
Nesse estado de putrefação da coisa pública, é inadmissível que algum candidato se porte como futuro presidente da Suíça, fingindo que o Brasil real não existe. Erram Dilma e Aécio por essa estranha suposição. O “país colorido” que enfeitam na tevê vai ganhando a repulsa paulatina daqueles que não vêem verdade no que está sendo mostrado, por mais esmero que tenha a produção da coisa. Vão morrer abraçados, num abraço dos afogados, que vai deixar no público pagante uma sensação de que o monstro Marina, afinal, não era assim tão monstruoso quanto foi pintado em princípio.
Aqueles que vêem capitulação em meus argumentos confirmam que estamos numa época em que ninguém entende uma avaliação desapaixonada da coisa, que mantém a crítica acima da camisa da torcida. Portanto, a mulher que ganhou 20 pontos na corrida presidencial em duas semanas continuará a ser execrada pelo coque fora de moda e pelo xale de beata, até virar presidente e começar a contar com toda a corte a que tem direito, com os mesmos bufões de sempre fazendo as mesmas bajulações de sempre. Um porre. Prefiro continuar com meus dois “old blue eyes” na cara, enxergando placidamente o que enxergo. Que me desculpem os torcedores daquele piloto que tem nome de macarronada. Ele só me convence se ganhar pelo menos uma. O resto é confete e hipocrisia.

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