REINALDO AZEVEDO
Rodrigo
Janot, procurador-geral da República, tem sido um homem realmente
singular. Como esquecer que ele requereu a prisão dos mensaleiros num
momento em que esse pedido significaria, na prática, adiar a prisão dos
mensaleiros? Agora, informa Severino Motta, na Folha Online, ele enviou ao STF um parecer pedindo que o deputado petista José Genoino fique 90 dias em prisão domiciliar.
Embora duas juntas médicas tenham asseverado que Genoino não padece de cardiopatia grave, o procurador-geral afirma que “as
condições de saúde que não configuram uma cardiopatia grave e,
portanto, não impedem o servidor de exercer suas atividades laborais,
muitas vezes não são suficientes para contraindicar sua permanência em
estabelecimento prisional”.
Caberá a
Joaquim Barbosa tomar a decisão. Se sou o presidente do STF, decido
apelando mais à poesia do que ao direito — que, nesse caso, manteria
Genoino onde está: na cadeia. Como escreveu o poeta Horário, num
belíssimo poema, de amor, não temos de saber “que destino os deuses nos
reservaram; seja qual for, melhor é suportá-lo”. Descartem a conclusão e
fiquem com a constatação. Vai que Genoino tenha um “piripaque cruzado”
qualquer, coisa a que todos estamos mais ou menos sujeitos, e… Bem, se
sou Joaquim, digo: “Ok, vá para a casa e só retorne à cadeia quando
estiver recuperado”.
Noto que
doutor Janot não está fazendo seu pedido com base no estado de saúde de
Genoino. Ele resolveu abraçar uma tese genérica. E isso o deixa bastante
confortável junto às milícias de opinião.
Sim, já defendi aqui e defendo a prisão domiciliar para Genoino e Roberto Jefferson. Mas eu não sou o doutor Janot, certo?
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