RIO DE JANEIRO - Eike Batista chegou a ser o brasileiro mais rico, mas era pouco para quem queria ser o homem mais rico do mundo. Mineiro de Governador Valadares, criado na Europa, planejou mudar o Rio e espalhar o X de sua marca pelo Estado.
A eterna promessa de despoluição da lagoa Rodrigo de Freitas começou a virar realidade com sua colaboração financeira. O projeto que reelegeu Sérgio Cabral e transformou a segurança pública do Estado, o das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), recebeu cerca de R$ 100 milhões da OGX desde seu início.
Colaborou com vários projetos de sucesso, mas enfileirou uma série de outros que podem ser enquadrados como fiascos ou até crimes contra o patrimônio público. Ajudou a bancar a campanha que deu ao Rio o direito de sediar a Olimpíada de 2016, quando emprestou o jatinho que levou governador e prefeito para a Dinamarca, onde foi anunciada a cidade vencedora. Construiu a biografia misturando o público e o privado, seja dando um colar com seu nome à então mulher Luma de Oliveira, seja oferecendo doações de campanha e viagens gratuitas a aliados políticos.
Não fez nada à toa nem sem autoridades influentes que o bajulavam. Ganhou isenções fiscais, financiamentos e facilidades dos diferentes níveis de governo.
O processo de recuperação judicial de sua petroleira, a OGX, é o maior de uma empresa latino-americana até hoje. Eike deixou escombros. Caminhar pela rua que ladeia o hotel Glória, um dos mais charmosos da cidade, é desolador. Inaugurado em 1922, está deformado pela reforma que prometia torná-lo um hotel maravilhoso. Tomou R$ 190 milhões do BNDES de uma linha criada para hotéis para a Copa de 2014.
À Folha, em 2009, disse: "Adoro o conceito americano de você devolver para a sociedade". Chegou a hora.
O rei do Rio ruiu. E o rato que roeu a roupa do rei do Rio chama-se... X.
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