O GLOBO -
Lula gravou vídeo em apoio à candidata derrotada, mulher do ex-presidente Zelaya, em evidente ingerência em assunto interno de outro país
Ao considerar irreversível o resultado parcial das eleições de domingo em Honduras, o Tribunal Supremo Eleitoral carimbou a vitória do candidato governista Juan Hernández, do Partido Nacional, com 34% dos votos. E a derrota da oposicionista Xiomara Castro, mulher de Manuel Zelaya, apeado do poder em 2009 pelos militares, cumprindo determinação do Judiciário e do Congresso. Com a derrota de Xiomara, que teve 29% dos votos, quem perde é o chavismo, ao qual Zelaya aderira; e, por tabela, o ex-presidente Lula, que apoiou a candidata num vídeo difundido em Honduras pelo Partido Liberdade e Refundação (Libre), criado pelo casal. Mais uma vez, Lula não se furta à ingerência em assuntos internos de outro país para ajudar “companheiros”.
Outras consequências não surpreendem. É da “tradição” eleitoral hondurenha o espernear do derrotado. O Libre alegou que houve “fraude maciça” e que impugnará o resultado do pleito. Zelaya acusou o TSE de manipulação em favor de Hernández e ameaçou pôr os correligionários nas ruas. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, abusando do clichê, acusou os EUA de ingerência. Mas observadores da UE e da OEA consideraram o pleito válido, apesar de fraudes menores. Os EUA classificaram-no de “transparente, no geral”. A vitória de Hernández foi reconhecida por Colômbia, Guatemala, Costa Rica, Panamá e até pela Nicarágua, da ala bolivariana. O vencedor já anunciou a equipe de transição e convidou Xiomara a trabalhar por um “grande pacto nacional” contra a insegurança e a pobreza que torturam o país.
De fato, a situação em Honduras é calamitosa. O país detém o triste recorde mundial de homicídios (85,5 para 100 mil habitantes), decorrente da proliferação das gangues e de sua condição de porta de passagem para grande parte do narcotráfico que se destina aos EUA; e é, depois do Haiti, o mais pobre das Américas. Hernández promete combater a violência e o tráfico via criação de uma polícia militar com 5 mil integrantes, além de adotar políticas de inclusão social.
Nos anos 70 e 80 do século XX, o país passou pelas turbulências que sacudiram a América Central, reflexo da Guerra Fria. Em 2009, Zelaya tentou introduzir o “kit bolivariano” de Chávez, com a convocação de uma Constituinte para poder se reeleger (não existe reeleição em Honduras). Foi destituído e conduzido ao exílio. A comunidade internacional se dividiu, parte considerando que Zelaya sofrera um golpe, parte achando que o golpista era ele. Mais tarde, cristalizou-se a posição de que sua destituição resguardava a Constituição. Mas o Brasil continuou apoiando o político, que se refugiou na Embaixada brasileira em Tegucigalpa por mais de quatro meses após sua volta ao país, e de lá continuou a fazer política, acobertado por Brasília.
Tarefa do futuro presidente Hernández é construir alianças que permitam reforçar a credibilidade das frágeis instituições.
Lula gravou vídeo em apoio à candidata derrotada, mulher do ex-presidente Zelaya, em evidente ingerência em assunto interno de outro país
Ao considerar irreversível o resultado parcial das eleições de domingo em Honduras, o Tribunal Supremo Eleitoral carimbou a vitória do candidato governista Juan Hernández, do Partido Nacional, com 34% dos votos. E a derrota da oposicionista Xiomara Castro, mulher de Manuel Zelaya, apeado do poder em 2009 pelos militares, cumprindo determinação do Judiciário e do Congresso. Com a derrota de Xiomara, que teve 29% dos votos, quem perde é o chavismo, ao qual Zelaya aderira; e, por tabela, o ex-presidente Lula, que apoiou a candidata num vídeo difundido em Honduras pelo Partido Liberdade e Refundação (Libre), criado pelo casal. Mais uma vez, Lula não se furta à ingerência em assuntos internos de outro país para ajudar “companheiros”.
Outras consequências não surpreendem. É da “tradição” eleitoral hondurenha o espernear do derrotado. O Libre alegou que houve “fraude maciça” e que impugnará o resultado do pleito. Zelaya acusou o TSE de manipulação em favor de Hernández e ameaçou pôr os correligionários nas ruas. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, abusando do clichê, acusou os EUA de ingerência. Mas observadores da UE e da OEA consideraram o pleito válido, apesar de fraudes menores. Os EUA classificaram-no de “transparente, no geral”. A vitória de Hernández foi reconhecida por Colômbia, Guatemala, Costa Rica, Panamá e até pela Nicarágua, da ala bolivariana. O vencedor já anunciou a equipe de transição e convidou Xiomara a trabalhar por um “grande pacto nacional” contra a insegurança e a pobreza que torturam o país.
De fato, a situação em Honduras é calamitosa. O país detém o triste recorde mundial de homicídios (85,5 para 100 mil habitantes), decorrente da proliferação das gangues e de sua condição de porta de passagem para grande parte do narcotráfico que se destina aos EUA; e é, depois do Haiti, o mais pobre das Américas. Hernández promete combater a violência e o tráfico via criação de uma polícia militar com 5 mil integrantes, além de adotar políticas de inclusão social.
Nos anos 70 e 80 do século XX, o país passou pelas turbulências que sacudiram a América Central, reflexo da Guerra Fria. Em 2009, Zelaya tentou introduzir o “kit bolivariano” de Chávez, com a convocação de uma Constituinte para poder se reeleger (não existe reeleição em Honduras). Foi destituído e conduzido ao exílio. A comunidade internacional se dividiu, parte considerando que Zelaya sofrera um golpe, parte achando que o golpista era ele. Mais tarde, cristalizou-se a posição de que sua destituição resguardava a Constituição. Mas o Brasil continuou apoiando o político, que se refugiou na Embaixada brasileira em Tegucigalpa por mais de quatro meses após sua volta ao país, e de lá continuou a fazer política, acobertado por Brasília.
Tarefa do futuro presidente Hernández é construir alianças que permitam reforçar a credibilidade das frágeis instituições.
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