CORREIO BRAZILIENSE -
Quanto vale um político?
Quanto vale um partido? E quanto dinheiro eles podem arrecadar para
vencer uma eleição e se manter no poder? Essas perguntas dominaram, com a
discrição necessária, as intensas negociações que nas últimas semanas
aconteceram entre partidos e pré-candidatos nas próximas eleições. Pobre
eleitor, obrigado a assistir esse triste espetáculo. A poucos dias do
prazo final para registro de filiação partidária, a política se rende ao
rasteiro toma lá dá cá de promessa de cargos e de futuras verbas. Está
praticamente erguido o teatro para convencer o eleitorado de que sim, em
2014, poderemos separar o joio do trigo.
É impossível levar a sério a política de um país com 32 partidos. A profusão de siglas reduz a nada o debate ideológico, o confronto de teses, a comparação de políticas públicas, o legítimo duelo entre governo e oposição. Temos partidos de aluguel, deputados de aluguel, ideologia de aluguel. Temos tempo de televisão negociável, vagas disponíveis para suplentes, discursos sob encomenda, pose para fotos, reunião entre bancadas. Não importam a coerência, os princípios, as diferenças. Para conquistar as urnas, os fins justificam todo acordo.
Naturalmente, não se pode exigir trajetória retilínea de qualquer ator político. As circunstâncias podem levar a decisões difíceis, contraditórias e por vezes contrárias ao que se disse e se fez outrora. Para ficar apenas no PT, partido que tem história e não pode ser equiparado às legendas disponíveis na próxima esquina, constitui tarefa árdua explicar a diferença entre as críticas à privatização tucana, tema da campanha de 2010, e o problemático regime de concessões que se estende às profundezas do pré-sal. A questão ética também se tornou delicada, com o precedente do mensalão. Outros partidos tradicionais igualmente acumulam problemas. Basta lembrar o conhecido apetite por cargos do PMDB, ou a ausência de coesão do vacilante PSDB.
Mas as incongruências identificáveis nas maiores legendas diferem muito do mercadão eleitoral que se instalou no Brasil. Essa volatilidade fragiliza o discurso dos candidatos perante aqueles que pretendem confiar o voto com algum critério. Ao redor dos grandes, observa-se uma miríade de legendas, de pequena e média grandeza, a orbitar no jogo político. Talvez a Rede, de Marina Silva, consiga trazer um sopro novo a esse universo. E chegamos, então, ao fundo do poço, aos partidos que oferecem a porta de entrada para o submundo eleitoral.
É assim, eleitor, que nos aproximamos de 2014. Torçamos por uma reforma política a partir de 2015.
É impossível levar a sério a política de um país com 32 partidos. A profusão de siglas reduz a nada o debate ideológico, o confronto de teses, a comparação de políticas públicas, o legítimo duelo entre governo e oposição. Temos partidos de aluguel, deputados de aluguel, ideologia de aluguel. Temos tempo de televisão negociável, vagas disponíveis para suplentes, discursos sob encomenda, pose para fotos, reunião entre bancadas. Não importam a coerência, os princípios, as diferenças. Para conquistar as urnas, os fins justificam todo acordo.
Naturalmente, não se pode exigir trajetória retilínea de qualquer ator político. As circunstâncias podem levar a decisões difíceis, contraditórias e por vezes contrárias ao que se disse e se fez outrora. Para ficar apenas no PT, partido que tem história e não pode ser equiparado às legendas disponíveis na próxima esquina, constitui tarefa árdua explicar a diferença entre as críticas à privatização tucana, tema da campanha de 2010, e o problemático regime de concessões que se estende às profundezas do pré-sal. A questão ética também se tornou delicada, com o precedente do mensalão. Outros partidos tradicionais igualmente acumulam problemas. Basta lembrar o conhecido apetite por cargos do PMDB, ou a ausência de coesão do vacilante PSDB.
Mas as incongruências identificáveis nas maiores legendas diferem muito do mercadão eleitoral que se instalou no Brasil. Essa volatilidade fragiliza o discurso dos candidatos perante aqueles que pretendem confiar o voto com algum critério. Ao redor dos grandes, observa-se uma miríade de legendas, de pequena e média grandeza, a orbitar no jogo político. Talvez a Rede, de Marina Silva, consiga trazer um sopro novo a esse universo. E chegamos, então, ao fundo do poço, aos partidos que oferecem a porta de entrada para o submundo eleitoral.
É assim, eleitor, que nos aproximamos de 2014. Torçamos por uma reforma política a partir de 2015.
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