Percival Puggina
E a ideologia em tudo. Afirmação reiterada, persistente, contra a lógica polida e esférica dos fatos é indício de mentira cabeluda. Veja a Medicina cubana, por exemplo. Relatam-se sucessos mágicos. Coisa de botar no chinelo o orgulhoso Hospital Albert Einstein. Essa fábula faz parte da alma do negócio ideológico e financeiro da Castro&Castro, aquela empresa que a partir de 1959 assumiu toda a atividade produtiva de Cuba. Como é possível alguém crer que uma ilha onde viver é catalogar carências possa produzir esplendores da Ciência? É possível, sim. Até o Chávez caiu nessa.
Veja o caso dos brasileiros que vão cursar Medicina em Cuba. São alunos que, ante o purgatório do vestibular, preferem botar fé no paraíso cubano. Batalham indicação de partidos e movimentos sociais afinados com a Castro&Castro. Ao retornarem, são reprovados em exames de revalidação, mesmo tendo freqüentado o que há de bom – assim dizem - em Medicina e Saúde Pública no mundo. Sim, sim, sei. Eu e o Chávez. O fato de médicos cubanos se apresentarem às portas dos hotéis de Havana oferecendo-se como guias de turismo deve ser boa confirmação dessa excelência toda. Já a proposta de importar de Castro&Castro milhares de profissionais, a troco de ouro para os cofres da exportadora e de tostões para os médicos, ofende os direitos humanos das comunidades pobres e isoladas, escolhidas para recebê-los. A solução que proponho é, socialmente, muito mais justa. Destaquem esses profissionais para cuidar dos membros do governo federal e seus agentes, bem como de todos os que, no meio social, político e partidário, acharam a iniciativa o maior barato. Vergonha! Preferem pagar bem o governo cubano a remunerar bem os médicos brasileiros.
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Também ofende a dignidade humana a ideia de que índios devam permanecer, séculos afora, lascando pedra para fazer lança e servindo, seja como zoológico humano para deleite de antropólogos estrangeiros, seja para as matreiras intenções da Fundação Nacional do Índio e do Conselho Indigenista Missionário. Esses organismos estão ideologicamente seqüestrados por interesses não nacionais. As sucessivas invasões de áreas de lavoura evidenciam que transformaram os índios em militantes de causas que não são suas. A produção de alimentos ocupa menos de 30% do território nacional. O resto é mato. Portanto, se os índios querem viver segundo sua tradição tribal, não será em áreas de lavoura plantada que o farão. Têm os outros 70% à disposição. Os que querem se integrar à Civilização, não o farão como sem-terras que pintam o rosto com tinta de urucum e tocam tambores de guerra. Reservas indígenas vão entrar para o agronegócio? E daí, presidente Dilma? Veja a encrenca em que sua gente meteu o país. Assim como o MST recrutava sem-terras no meio urbano, agora a Funai recruta índios para seus objetivos ideológicos e corporativos. A Funai não anda a fim de mato. Virou MST dos índios. E o CIMI nunca esteve a fim de evangelizar. Proclamam em seu site: “Impulsionados por nossa fé no Evangelho da vida, justiça e solidariedade e frente às agressões do modelo neoliberal, decidimos intensificar a presença e apoio junto às comunidades, povos e organizações indígenas e intervir na sociedade brasileira como aliados dos povos indígenas, fortalecendo o processo de autonomia desses povos na construção de um projeto alternativo, pluriétnico, popular e democrático”. Conheço bem essa toada. De letra e de música.
ZERO HORA
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