Jornalista Andrade Junior

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

A Lei do Karma, a Justiça Divina e o exemplo dado por Japão e Turquia

Antonio Carlos Rocha

Geralmente se escreve em sânscrito Karma, ou em português Carma, o termo já está dicionarizado. Também já vi e li Qarma, em textos budistas de línguas asiáticas. Significa “ação e reação”, considerando uma Lei da Física: “Toda ação corresponde a uma reação”. Uns chamam de Lei do Retorno, alguns exemplificam como um bumerangue dos indígenas australianos que vai e volta. Enfim, são vários sinônimos.
Por que vai e volta? Budisticamente, costumo explicar que é uma variante da Lei da Gravidade, que rege o Cosmo. Nós temos em nosso interior, partículas do elemento Terra e assim, tudo que sai desta Terra, volta a esta Terra por força da Lei da Gravidade.
HÁ CONTROVÉRSIAS – Alguns ponderam: “Não sou budista, portanto não estou sujeito a esta Lei”. Ou então: “Minha religião é outra e eu tenho o perdão do meu Deus”.
Teologicamente, você será sempre perdoado, mas precisará, matematicamente, pagar o que deve. Claro, existem possibilidades de ir aos poucos sanando esta dívida, uma delas é a generosidade, caridade desinteressada e afins.
Respeito todas as religiões, filosofias e até a ausência delas. Mas a Lei em questão é parte da Ciência e como tal deve ser abordada. Tipo, se estou aqui neste mundo, preciso seguir, respeitar e mesmo que discorde, aceitar algumas Leis, caso contrário vou me prejudicar.
UMA HISTÓRIA JAPONESA – A história que se segue é verdadeira. Estou resumindo a partir do ótimo livro: “A Arte da Empatia – A Consideração ao Próximo”, do escritor budista japonês Koichi Kimura, editora Satry. 2016.
Ao estudarmos Geografia ficamos sabendo que o Mar do Japão é sujeito a freqüentes maremotos, tufões, ciclones, tsunamis e assemelhados.
Em 16 de setembro de 1890 uma fragata turca naufragou sob um “tufão próximo à ilha de Oshima, ondas colossais” lançaram ao mar “cerca de 600 tripulantes”. Apenas 69 conseguiram chegar à praia, onde havia um Farol. O humilde faroleiro não falava língua estrangeira, nem os sobreviventes, mas o japonês tratou de avisar na pequenina aldeia e os moradores abrigaram os turcos em suas casas, deram-lhes roupas, comida e aquecimento para salvar os corpos gelados.
UM VILAREJO – Oshima era um lugarejo muito pequeno, uma ilha isolada no arquipélago japonês, pouco mais de 100 casas, cem famílias. E todos fizeram o que podiam para salvar os turcos, um não falava a língua do outro, mas o instinto de amizade, compaixão e humanidade ajudou muito.
Os aldeões avisaram à cidade mais próxima, Kobe, que tinha um bom hospital. Quatro dias depois chegou um navio que levou os sobreviventes para o Hospital de Kobe, deram-lhes toda assistência necessária, não cobraram um centavo. E quando todos estavam já com saúde e completamente recuperados do trauma, foram devolvidos à Turquia.
Essa história marcou profundamente a sociedade turca. Nos livros de História e Geografia daquele país, até hoje, as crianças aprendem sobre a atitude generosa dos japoneses, a compaixão desinteressada etc.
IRÃ-IRAQUE – O tempo corre… Em 17 de março de 1985, durante a Guerra Irã-Iraque, o ditador Saddam Hussein (1937-2006) do Iraque resolveu bombardear a capital iraniana Teerã. O conflito teve início em 1980, quando Saddam invadiu o país vizinho e terminou em 1988.
Hussein decretou, na data acima, que todos os estrangeiros deixassem o Irâ em 48 horas, pois a partir daí seriam considerados inimigos e o espaço aéreo de Teerã seria fechado, qualquer avião que tentasse levantar voo ou sobrevoasse a cidade seria derrubado.
Na ocasião, 500 japoneses trabalhavam no Irã ou estavam passeando, visitando, fazendo turismo. A metade conseguiu urgente vagas em voos internacionais. A outra metade ficou encurralada no Aeroporto de Teerã.
Nenhum avião estrangeiro podia chegar ao Irã, só sair, só levantar vôo. O governo japonês não tinha como ajudar os seus compatriotas.
UM AVIÃO TURCO – Então, algo inexplicável aconteceu. Faltando poucas horas para encerrar o prazo “uma aeronave turca cortou os céus do Irã e resgatou os perplexos japoneses”.
O governo turco tinha entrado em contato com as autoridades do Iraque e conseguiu libertar os desesperados nipônicos, todos chegaram sãos e salvos a Tóquio.

Isso é um exemplo de bom Qarma coletivo. Isso é Empatia. Quase um século depois, mais precisamente 95 anos após o naufrágio do Ertugrul, nome do navio turco, o Japão recebeu de volta, feliz, os seus filhos que muitos já haviam dado como possíveis mortos na citada guerra.

























EXTRAÍDADETRIBUNADAINTERNET

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