#JUNTOSVAMOSMUDARBRASILIA
O ESTADO DE S.PAULO
É ainda muito pouco - e incerto - o que acaba de vir a público
do esquema de corrupção na Petrobrás, a partir das informações que o ex-diretor
de abastecimento da empresa Paulo Roberto Costa teria repassado ao Ministério
Público e à Polícia Federal desde que começou a contar o que saberia sobre o
pré-sal de lama na petroleira. Ele se tornou delator na esperança de escapar a
penas que podem somar 50 anos de prisão por suas traficâncias com o doleiro
Alberto Youssef, desarticuladas pela Operação Lava Jato em março último.
Youssef teria branqueado R$ 10 bilhões. No setor de seu parceiro, as
maracutaias podem ter custado à Petrobrás R$ 3,4 bilhões em propinas pagas a
autoridades, políticos e empresários, estima o jornal Valor, à razão de 3% de
cada contrato assinado.
Segundo o Estado, pelo menos 32 figurões - entre
parlamentares, um governador e um ministro - teriam se beneficiado. O jornal
citou o presidente do Senado, Renan Calheiros. Para a Folha de S.Paulo, seriam
62 os envolvidos. Já a revista Veja fala em 36, dos quais nomeia 12.
Notadamente, além de Calheiros, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão; o
presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves; a governadora do Maranhão,
Roseana Sarney; o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, todos do PMDB; e o
pernambucano Eduardo Campos, que comandava o PSB. Os demais incluem o
ex-ministro das Cidades Mário Negromonte e o senador Ciro Nogueira, ambos do
PP. Os petistas são o deputado Cândido Vaccarezza e o tesoureiro do partido,
João Vaccari Neto. Não se informou o que teriam praticado.
Mas o que se publicou foi suficiente para obrigar os principais
candidatos ao Planalto a repensar as suas estratégias, a menos de um mês do
primeiro turno. Esta insólita campanha já tinha mudado de rumo depois da morte
de Eduardo Campos. Antes dominada por Dilma Rousseff e Aécio Neves, a disputa
virou de ponta-cabeça. No lugar do ex-governador, Marina Silva disparou nas
pesquisas, em prejuízo do tucano e ameaçando a reeleição da petista. Agora, o
clima tende a mudar. O tema da corrupção migra da periferia para o centro do
debate - tendo como foco o que se cometeu, desde a ida do PT ao poder, na maior
e mais estimada empresa nacional.
Não bastará Dilma alegar que o noticiário "não lança
suspeita nenhuma sobre o governo, na medida em que ninguém do governo foi
oficialmente acusado", para dissipar as suspeitas - anteriores aos
depoimentos de Costa, mas potencializadas pelo que a imprensa lhe atribui - de
que ela olhou para o outro lado enquanto prosseguia a predação da Petrobrás,
iniciada nos anos Lula. A hipótese se ampara na lógica e nos fatos. Se o
mensalão consistiu no suborno de deputados para que aprovassem os projetos
tidos como essenciais pelo então presidente, o assalto tolerado à petroleira
decerto servia, na esfera política, para satisfazer os membros, não raro
influentes, da base aliada, de modo a assegurar a coligação eleitoral que daria
à candidata quase a metade do tempo do horário de propaganda. Se assim é, Dilma
tirou da roubalheira proveito material - contabilizado, no caso, em minutos e
segundos.
Os fatos, por sua vez, apontam com mais firmeza ainda o dedo
para o Planalto. Em dobradinha com Calheiros, a presidente asfixiou a
investigação parlamentar sobre a estatal, cujo ponto de partida era o caso da
Refinaria de Pasadena, e cujo ponto de chegada poderia ser um terremoto
político comparável à sangria a que o patrimônio da Petrobrás foi submetido nos
anos recentes. Dilma argumentou que a CPI pretendida pela oposição - afinal,
foram criadas duas, desfibradas - era "eleitoreira". Agora, ironia das
ironias, as confissões atribuídas ao ex-diretor apadrinhado pelo PP, endossado
pelo PMDB e avalizado por Lula podem fazer mais estragos para Dilma do que uma
CPI cujos membros buscam antes o voto do que as verdades a apurar.
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