APÓIO RODRIGO DELMASSO DEPUTADO DISTRITAL 19123
Ao
escolher candidatos sem consulta à direção partidária, ele transformou o PT
em instrumento de vontade pessoal
Na
história republicana brasileira, não houve político mais influente do que
Luiz Inácio Lula da Silva. Sua exitosa carreira percorreu o regime militar,
passando da distensão à abertura. Esteve presente na Campanha das Diretas.
Negou apoio a Tancredo Neves, que sepultou o regime militar, e participou,
desde 1989, de todas as campanhas presidenciais.
Quando,
no futuro, um pesquisador se debruçar sobre a história política do Brasil dos
últimos 40 anos, lá encontrará como participante mais ativo o ex-presidente
Lula. E poderá ter a difícil tarefa de explicar as razões desta presença, seu
significado histórico e de como o país perdeu lideranças políticas sem
conseguir renová-las.
Lula,
com seu estilo peculiar de fazer política, por onde passou deixou um rastro
de destruição. No sindicalismo acabou sufocando a emergência de autênticas
lideranças. Ou elas se submetiam ao seu comando ou seriam destruídas. E este
método foi utilizado contra adversários no mundo sindical e também aos que se
submeteram ao seu jugo na Central Única dos Trabalhadores. O objetivo era
impedir que florescessem lideranças independentes da sua vontade pessoal.
Todos os líderes da CUT acabaram tendo de aceitar seu comando para sobreviver
no mundo sindical, receberam prebendas e caminharam para o ocaso. Hoje não há
na CUT — e em nenhuma outra central sindical — sindicalista algum com vida
própria.
No
Partido dos Trabalhadores — e que para os padrões partidários brasileiros já
tem uma longa existência —, após três decênios, não há nenhum quadro que
possa se transformar em referência para os petistas. Todos aqueles que se
opuseram ao domínio lulista acabaram tendo de sair do partido ou se
sujeitaram a meros estafetas.
Lula
humilhou diversas lideranças históricas do PT. Quando iniciou o processo de
escolher candidatos sem nenhuma consulta à direção partidária, os chamados
"postes", transformou o partido em instrumento da sua vontade
pessoal, imperial, absolutista. Não era um meio de renovar lideranças. Não.
Era uma estratégia de impedir que outras lideranças pudessem ter vida
própria, o que, para ele, era inadmissível.
Os
"postes" foram um fracasso administrativo. Como não lembrar
Fernando Haddad, o "prefeito suvinil", aquele que descobriu uma
nova forma de solucionar os graves problemas de mobilidade urbana: basta
pintar o asfalto que tudo estará magicamente resolvido. Sem talento,
disposição para o trabalho e conhecimento da função, o prefeito já é um dos
piores da história da cidade, rivalizando em impopularidade com o finado
Celso Pitta.
Mas
o símbolo maior do fracasso dos "postes" é a presidente Dilma
Rousseff. Seu quadriênio presidencial está entre os piores da nossa história.
Não deixou marca positiva em nenhum setor. Paralisou o país. Desmoralizou
ainda mais a gestão pública com ministros indicados por partidos da base
congressual — e aceitos por ela —, muitos deles acusados de graves
irregularidades. Não conseguiu dar viabilidade a nenhum programa
governamental e desacelerou o crescimento econômico por absoluta
incompetência gerencial.
Lula
poderia ter reconhecido o erro da indicação de Dilma e lançado à sucessão um
novo quadro petista. Mas quem? Qual líder partidário de destacou nos últimos
12 anos? Qual ministro fez uma administração que pudesse servir de
referência? Sem Dilma só havia uma opção: ele próprio. Contudo, impedir a
presidente de ser novamente candidata seria admitir que a "sua"
escolha tinha sido equivocada. E o oráculo de São Bernardo do Campo não erra.
A
pobreza política brasileira deu um protagonismo a Lula que ele nunca mereceu.
Importantes líderes políticos optaram pela subserviência ou discreta
colaboração com ele, sem ter a coragem de enfrentá-lo. Seus aliados receberam
generosas compensações. Seus opositores, a maioria deles, buscaram algum tipo
de composição, evitando a todo custo o enfrentamento. Desta forma, foram
diluindo as contradições e destruindo o mundo da política.
Na
campanha presidencial de 2010, com todos os seus equívocos, 44% dos eleitores
sufragaram, no segundo turno, o candidato oposicionista. Havia possibilidade
de vencer mas a opção foi pela zona de conforto, trocando o Palácio do
Planalto pelo controle de alguns governos estaduais.
Se
em 2010 Lula teve um papel central na eleição de Dilma, agora o que
assistimos é uma discreta participação, silenciosa, evitando exposição
pública, contato com os jornalistas e — principalmente — associar sua figura
à da presidente. Espertamente identificou a possibilidade de uma derrota e
não deseja ser responsabilizado. Mais ainda: em caso de fracasso, a culpa
deve ser atribuída a Dilma e, especialmente, à sua equipe econômica.
Lula
já começa a preparar o novo figurino: o do criador que, apesar de todos os
esforços, não conseguiu orientar devidamente a criatura, resistente aos seus
conselhos. A derrota de Lula será atribuída a Dilma, que, obedientemente,
aceitará a fúria do seu criador. Afinal, se não fosse ele, que papel ela
teria na política brasileira?
O
PT caminha para a derrota. Mais ainda: caminha para o ocaso. Não conseguirá
sobreviver sem estar no aparelho de Estado. Foram 12 anos se locupletando. A
derrota petista — e, mais ainda, a derrota de Lula — poderá permitir que o
país retome seu rumo. E no futuro os historiadores vão ter muito trabalho
para explicar um fato sem paralelo na nossa história: como o Brasil se
submeteu durante tantos anos à vontade pessoal de Luiz Inácio Lula da Silva.
Marco
Antonio Villa é historiador
FONTE RECEBIA VIA E MAIL




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