Jornalista Andrade Junior

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

‘Lá vem porrete

#JUNTOSVAMOSMUDARBRASILIA

VLADY OLIVER
Gostaria de voltar a um assunto pelo qual fui muito execrado aqui neste mesmo espaço em 2010, quando a disputa envolveu Dilma, Serra e Marina. Na época, frente aos problemas que se apresentavam, defendi uma matemática tão simplória quanto eficiente: somar um mais um e detonar a candidatura petralha ao governo que tantos dissabores nos causou. Deu no que deu; ganhou aquela que mais nos ameaçava com sua falta de vergonha e seu intrusionismo amestrado pela roubalheira vigarista, enquanto as oposições simplesmente não se entendiam em torno de um projeto de país. Perdeu o Brasil, quatro anos no banco da segunda época, reprovado até no exame de fezes.
Mais uma vez os pilares da democracia vão sendo testados com o Imponderável de Almeida fazendo das suas para eleger uma figura telúrica e com cara de biorana, mas esperta o suficiente para dar verdadeiros nós em pingo d’água nas minas terrestres espalhadas por aqui pelo rombudismo lulodilmístico que nos assola há doze longos anos. O país terá de ser reconstruído, meus caros. Nem acredito que volte a sonhar com uma democracia moderna, baseada nos pilares do mérito e da decência administrativa. O que estou propondo é um exercício de lucidez que vai atingir em cheio os interesses contrariados de certa elite do pensamento por aqui.
Não me importa se são “as condições climáticas”, a falta d’água, a falta de tutano na campanha ou o posicionamento equivocado ─ ou, ainda, a reprovação pura e simples do jeito tucano de ser que está causando essa inversão de valores na campanha. Se o público vai se decidindo por Marina à revelia do perigo que ela pode representar, cabe aos defensores da democracia a costura de um “pacto” pela defesa de nossas liberdades e de nossa decência, ameaçadas pelo bolivarianismo que teima em rondar nossas cabeças. É hora de unir forças e interesses e não dividir o país ainda mais. É claro que este apoio a que me refiro terá de ser “negociado” e isto representará aquela “velha política” fazendo beicinho para engolir “a nova”.
O problema é que o terceiro vai ficando fora do debate, da disputa, e perdendo o poder de negociar alguma coisa enquanto é tempo, resgatando ao menos nossa dignidade em vias de virar farinha. Mário Covas foi fazer campanha para o petê, contra o presidente que cheirava sentado. Ninguém entendeu o gesto, até ficar claro que a sua existência política está acima de um acordo de conveniências momentâneo, que pode ser rompido se as partes não cumprirem o que for acertado. É a lei do menor prejuízo. Disse isso aqui mesmo, em 2010 e fui linchado. Tivessem feito o dever de casa na época, desmistificando o fenômeno Marina logo de cara, não estaríamos a ver a massa crescer enquanto apanha. E Serra teria sido o presidente, que é o que me parece que queriam os tucanos na época, se eu não estiver enganado. Foram dizimados pela própria soberba, de novo e de novo.
Não sei se me fiz claro, mas desenho: se sou um candidato que representa um terço dos interesses por aqui, mas vou perdendo votos ao longo do caminho porque o eleitor não se identifica com minha plataforma, quanto mais eu insistir na divisão de votos, mais serei apontado como o intruso da peleja; aquele que perde mas não negocia. Quem trabalha na bolsa que não é esmola sabe que é hora de “vender seus ativos” antes que eles se desvalorizem completamente. O que teremos em outubro é uma candidata precisando de equipe para governar e um equipe derrotada por um candidato que se negou a negociar um apoio que apaziguasse essas arestas e nos fizesse vislumbrar algum futuro.
O PT será varrido das próximas eleições. Já são favas contadas. Cabe saber se o irmãozinho mais velho dele vai querer ir pelo mesmo caminho, ambos abraçadinhos, ou ainda lhe resta algum protagonismo. O eleitor vai migrar de qualquer jeito; com ou sem o candidato capitaneando a travessia. Para nós, seria melhor se fosse com ele, não é mesmo? Durma-se com este alarido. Obi Wan Kenobi já nos mostrou o caminho, em Guerra nas Estrelas. Às vezes, para vencer o império, é necessário capitular. Simples assim. Podem bater.

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