Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 24 de julho de 2014

A Palma de Nossa Medalha

#vamosmudarbrasilia


CoroneL Reformado Jorge Alberto Forrer Garcia*
Dias atrás, assisti a uma palestra de um estimado chefe militar. Ele, respondendo a uma pergunta sobre o futuro do Brasil, disse em certa parte de sua resposta: “...no Brasil, até o passado é incerto...”. Lembro-me disso ao ler que a dita Comissão da Verdade chamará para depoimento um grupo de militares baseada no critério de que eles, em alguma etapa de suas carreiras, foram agraciados com a Medalha do Pacificador com Palma que, sabemos, é concedida a militares que por seus atos, os tenham cometido com o risco da própria vida.
Assim, eu suponho, pois de burro penso só ter o “tranco”, que a Comissão da Verdade tenha focado num determinado grupo daqueles militares, mas fica a pergunta: o Exército Brasileiro os condecorou com uma de suas mais altas distinções e – hoje – isso é tomado como critério para que sejam convocados para obrigatoriamente depor naquela Comissão? Fica aí a constatação de que o palestrante estava com toda a razão quando disse que no Brasil até o passado é incerto.
Fosse esse um critério desprovido de revanchismo, seria o caso de convocarmos todos os militares distinguidos com a Medalha do Pacificador com Palma. Eu mesmo indicaria três: um capitão que salvou um soldado numa instrução de natação utilitária; um major que, cumprindo missão de paz da ONU, foi obrigado a evadir-se sob fogo do local onde estava; e – por que não citar – o Sargento Silvio Hollenbach que, em Brasília, lançou-se a um lago para salvar pessoas que estavam sendo atacadas por ariranhas. Aliás, eu lembraria que no casso desse sargento, seu ato não lhe pôs em risco de vida. Seu ato custou-lhe a vida.
Ouvidos pela Comissão da Verdade esses companheiros que receberam a Medalha do Pacificador com Palma em decorrência do risco de vida a que estiveram sujeitos na luta contra a subversão e o terrorismo, não me causaria surpresa se no relatório e nas recomendações (o “O que Fazer...”) da Comissão da Verdade, a serem divulgados em dez de dezembro próximo, estiver lá devidamente recomendado que se cassem as palmas de suas medalhas, pois, afinal, não teriam corrido risco de vida e, a serem mantidas tais medalhas, estar-se-ia estimulando a que, no futuro, outros militares se empenhassem em suas missões, mesmo com o risco da própria vida.
Na prática, nossos companheiros ficariam sem suas medalhas, uma vez que, embora tenham o mesmo nome, a Medalha do Pacificador é uma e a Medalha do Pacificador com Palma é outra, e esta última não é uma gradação da primeira. Complicado! Mas como disse meu chefe, no Brasil até mesmo o passado é incerto.
Jorge Alberto Forrer Garcia
Coronel Reformado
*Possuidor da Medalha do Pacificador...Sem Palma!
Curitiba/PR

0 comments:

Postar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More