A produção industrial mundial está 10% acima do patamar pré-crise global de 2008. Cifras similares são exibidas por nossos vizinhos Peru, Chile e México, que são seguidos a certa distância pela Colômbia.
No Brasil, apesar dos resultados mais positivos recentemente, a produção industrial ainda não conseguiu superar a marca do pré-crise. A produção de setembro deste ano ficou 4% abaixo da registrada em setembro de 2008.
Não foi por falta de consumo interno que a produção não cresceu. As vendas do varejo estão mais de 40% acima do pré-crise. Por outro lado, as exportações da indústria estão 20% mais baixas e a participação das importações no consumo doméstico aumentou de 17% para 21% desde 2008.
A indústria perdeu competitividade, e a culpa não pode ser atribuída ao câmbio, uma vez que nossos vizinhos também tiveram suas moedas fortalecidas no período. O fato é que o Brasil está caro.
Impossível ficar alheio a esse quadro, que acaba afetando a confiança dos empresários. Difícil também impedir a contaminação da fraqueza da indústria sobre outros setores da economia.
A queda da produção na comparação com 2008 é generalizada entre as categorias de uso, a despeito das várias políticas setoriais e dos estímulos ao consumo.
Tem sido frequente a utilização do argumento contrafactual: a economia estaria pior não fosse a política econômica conduzida, argumento que precisa explicar por que vários dos emergentes não enfrentaram problema semelhante.
Será que, ao contrário, as políticas setoriais não foram contraproducentes, piorando a evolução da produtividade e o crescimento? Convém desconfiar antes de insistir na estratégia.
Setores montam estratégias na busca de benefícios públicos que distorcem a economia e permitem a sobrevivência de técnicas de produção menos eficientes, além de afetar as decisões de investimento. Políticas setoriais podem e, algumas vezes, devem ser conduzidas, mas com cuidado, transparência, estabelecimento de metas e acompanhamento dos resultados.
As perspectivas por ora não são alentadoras. Estoques lentamente se acumulam, o consumo interno perde fôlego e o mercado de trabalho inicia um ajuste. O baixo dinamismo do comércio mundial e o isolamento do Brasil limitam eventual ajuda do câmbio depreciado. Não há gatilhos à vista para um maior crescimento.
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