Jornalista Andrade Junior

sexta-feira, 26 de julho de 2013

O recado do papa aos corruptos da terra

AUGUSTO NUNES Direto ao Ponto

O recado do papa aos corruptos da terra e a pesquisa que consumou a capitulação dos fabricantes de recordes de popularidade

Nesta quinta-feira, durante a visita à Favela da Varginha, o papa Francisco disse o seguinte:
“Aqui, como em todo o Brasil, há muitos jovens. Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício. (…) Não deixem que se apague a esperança”.
Embora o recado não tenha mencionado expressamente políticos ou partidos, todo mundo deduziu que o papa resolvera cutucar o governo do PT e seus parceiros. Faz sentido. Depois da condenação dos quadrilheiros do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, e sobretudo depois das manifestações de protesto que implodiram a farsa do Brasil Maravilha, ficou claro, aos olhos de quem consegue enxergar um palmo adiante do nariz, que a corrupção impune anda de mãos dadas com a seita lulopetista.
Lula vive dizendo que isso é preconceito. Não deixa de ter razão. O Brasil decente  sempre foi preconceituoso com assaltantes de cofres públicos, empresários liberados para transformar canteiros de obras em plantações de maracutaias, gatunos com imunidade parlamentar e outras vertentes da grande família dos corruptos. Neste inverno, os atos de protesto atestaram que a população do país que presta é muito maior do que imaginavam os embusteiros no poder.
E não para de crescer, vão admitindo, um a um, os institutos de pesquisas que, se não tivessem colidido com a revolta da rua, já estariam atribuindo a Dilma Rousseff 100% de popularidade (ou 103%, se a margem de erro oscilasse para cima). Há poucas horas, consumou-se a capitulação do Ibope. A presidente promovida a colecionadora de recordes agora patina nos arredores dos 30% historicamente reservados a qualquer poste do PT.
Desde que foi cooptado pelos fundadores da Era da Mediocridade, o Ibope confinou em índices inferiores a 8% os brasileiros que acham ruim ou péssimo o desempenho do governo federal. Subitamente, a taxa de descontentamento decolou em direção à estratosfera. Acaba de bater em 31% — e continuará subindo.
Se apenas tivessem fulminado a desfaçatez dos fabricantes de porcentagens, as manifestações de protesto iniciadas em 6 de junho já teriam valido a pena. Mas as mudanças ocorridas em poucas semanas foram muito além do comércio de estatísticas. A discurseira dos políticos ficou alguns séculos mais velha. Os truques dos mágicos de picadeiro deixaram de funcionar. As comemorações dos dez anos de governo petista lembram festinhas no asilo.
Os destinatários do recado do papa se esforçam para acreditar que, configurado o naufrágio de Dilma, bastará lançar a candidatura de Lula para que a festa siga seu curso. Logo saberão que lidam com um país que mudou. O Brasil redesenhado ainda não deixou claro o que quer. Mas sabe perfeitamente o que não quer. As multidões inconformadas com o elogio do cinismo sabem que foi o ex-presidente quem instalou no Planalto o que até recentemente qualificava de “um poste que ilumina o Brasil”.
Se tentar um terceiro mandato, vai descobrir que cometeu um erro semelhante ao do amigo Paulo Maluf. Dilma Rousseff é o Celso Pitta do Lula.

 

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