JMJ: imagem do improviso brasileiro - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE
CORREIO BRAZILIENSE -
"Pouca saúde e muita
saúva os males do Brasil são." Talvez se vivesse em tempos mais
recentes, Mário de Andrade atualizasse a frase célebre. No lugar de
saúva, escreveria improvisação. Trata-se do danoso jeitinho, cantado em
prosa e verso como característica marcante do brasileiro. A habilidade
de contornar pedras no caminho pode merecer aplauso em determinadas
situações. Mas tornar a exceção regra é se autoconceder diploma de
incompetência.
A caótica recepção do papa deu mostras de que o país é incapaz de planejar e executar medidas eficazes para não passar ao mundo imagem de elevado descrédito. As hipóteses mais decepcionantes na organização do evento sucederam à falta de previdência do poder público. Houve de tudo - do assédio perigoso ao pontífice no trânsito das vias cariocas até o lamaçal no Campo da Fé, passando pelo caos na mobilidade.
A infraestrutura da área reservada para a vigília e a missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Guaratiba, não resistiu aos efeitos do temporal. Afogou-se em lagos oportunistas e poças d"água. O contratempo obrigou os organizadores e a Prefeitura do Rio a transferir os eventos para Copacabana. Tudo às pressas, atabalhoadamente.
Resultado: o que estava ruim piorou. No dia da inauguração da JMJ, pane no metrô do Rio forçou moradores, peregrinos e fiéis a amargar horas de espera de ônibus para conduzi-los ao local do evento. Na quinta, espetáculo semelhante se repetiu. Mais de 1 milhão de pessoas disputavam lugar na fila para voltar aos alojamentos. Os ônibus, lotados, não paravam. Táxis cobravam tarifas exorbitantes, fora do alcance da maioria dos que ali se encontravam.
Nem sequer a previsão de que a chuva poderia ocorrer durante a visita constou do planejamento oficial. Mesmo se a Cidade Maravilhosa estivesse localizada num deserto com raríssima possibilidade de precipitações pluviométricas, os estrategistas teriam plano B para a eventualidade. Não só. Organizadores ignoraram até antecedentes. Em 2002, durante a JMJ, Toronto (Canadá) foi surpreendida com violenta tempestade, que acarretou problemas para o abrigo e a locomoção dos participantes.
Os cenários de irresponsabilidade e inépcia despertaram - não de forma surpreendente, mas previsível - as ásperas críticas da imprensa internacional. O Brasil emerge dos episódios como nação inconfiável. Se é incapaz de organizar a celebração de atos pastorais com a participação do sumo pontífice, não exibe qualificação para sediar megaeventos esportivos como as Olimpíadas e a Copa do Mundo. Tampouco para operar os mecanismos da economia e conceder segurança aos investimentos externos. É lamentável.
A caótica recepção do papa deu mostras de que o país é incapaz de planejar e executar medidas eficazes para não passar ao mundo imagem de elevado descrédito. As hipóteses mais decepcionantes na organização do evento sucederam à falta de previdência do poder público. Houve de tudo - do assédio perigoso ao pontífice no trânsito das vias cariocas até o lamaçal no Campo da Fé, passando pelo caos na mobilidade.
A infraestrutura da área reservada para a vigília e a missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Guaratiba, não resistiu aos efeitos do temporal. Afogou-se em lagos oportunistas e poças d"água. O contratempo obrigou os organizadores e a Prefeitura do Rio a transferir os eventos para Copacabana. Tudo às pressas, atabalhoadamente.
Resultado: o que estava ruim piorou. No dia da inauguração da JMJ, pane no metrô do Rio forçou moradores, peregrinos e fiéis a amargar horas de espera de ônibus para conduzi-los ao local do evento. Na quinta, espetáculo semelhante se repetiu. Mais de 1 milhão de pessoas disputavam lugar na fila para voltar aos alojamentos. Os ônibus, lotados, não paravam. Táxis cobravam tarifas exorbitantes, fora do alcance da maioria dos que ali se encontravam.
Nem sequer a previsão de que a chuva poderia ocorrer durante a visita constou do planejamento oficial. Mesmo se a Cidade Maravilhosa estivesse localizada num deserto com raríssima possibilidade de precipitações pluviométricas, os estrategistas teriam plano B para a eventualidade. Não só. Organizadores ignoraram até antecedentes. Em 2002, durante a JMJ, Toronto (Canadá) foi surpreendida com violenta tempestade, que acarretou problemas para o abrigo e a locomoção dos participantes.
Os cenários de irresponsabilidade e inépcia despertaram - não de forma surpreendente, mas previsível - as ásperas críticas da imprensa internacional. O Brasil emerge dos episódios como nação inconfiável. Se é incapaz de organizar a celebração de atos pastorais com a participação do sumo pontífice, não exibe qualificação para sediar megaeventos esportivos como as Olimpíadas e a Copa do Mundo. Tampouco para operar os mecanismos da economia e conceder segurança aos investimentos externos. É lamentável.
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