À deriva - MÁRCIA ROSA DE ARAUJO
O GLOBO -
Desde o momento em que
decide ser médico, o profissional assume uma série de responsabilidades
por toda a vida. O que o estudante, com seus sonhos, muitas vezes não
sabe é que o pleno exercício da Medicina depende de várias questões
externas. E nós, médicos, juntamente com a população que necessita de um
sistema de saúde digno, estamos embarcando em uma arca à deriva.
O governo começa a construir a arca pelo telhado. Então, é bem possível que afunde. Isso acontece porque não tem como fiscalizar as péssimas condições das faculdades do país, inclusive as que passaram pelo Provão. Várias instituições avaliadas com letra "E" pelo Ministério da Educação continuam abertas e sequer se aprimoraram. As mesmas cometeram o abuso de receber as mensalidades dos alunos sem lhes oferecer aulas práticas ou teóricas. Tal falta gravíssima, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, atribuiu como caso a ser denunciado ao Procon. Em nenhum momento se debateu a melhoria das condições de trabalho nos hospitais do SUS. Prometem, sim, aumentar o número de faculdades. Mas, e a infraestrutura? Hoje, a maioria esmagadora das instituições privadas se utiliza desses hospitais para treinar alunos. Será que as faculdades também vão construir hospitais de qualidade para que alunos das universidades públicas possam estagiar?
Seguindo as novas - e descabidas - medidas do governo para a Saúde, esses mesmos estudantes terão de acrescentar dois anos na sua formação, sem preceptoria presencial e enfrentando as péssimas condições de trabalho que o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro denuncia constantemente. A falta de infraestrutura para atendimento, a carência de concursos públicos com salários dignos e de uma carreira de Estado que os médicos brasileiros enfrentam serão atraentes para os estrangeiros? Aliás, nada garante que, sem a revalidação de diploma, muitos destes profissionais possam, na visão do governo, exercer a Medicina sem serem médicos, conforme pudemos notar nos vetos da Lei do Ato Médico.
Como se não bastasse, a residência médica não está garantida em 2014. Nenhuma das esferas governamentais se movimenta para promover as provas do concurso que deve ser realizado no fim deste ano. Assim, mais uma instância de qualificação dos médicos está sob desmonte.
Lamentavelmente, as entidades médicas, legítima representação daqueles que atendem os pacientes no dia a dia, sequer foram consultadas. Esperamos que a população, que se encontra num momento ímpar de reivindicação por seus direitos, possa entrar e se manter nesta arca.
Por enquanto, estamos à deriva. Para onde vamos? Salve-se quem puder!
O governo começa a construir a arca pelo telhado. Então, é bem possível que afunde. Isso acontece porque não tem como fiscalizar as péssimas condições das faculdades do país, inclusive as que passaram pelo Provão. Várias instituições avaliadas com letra "E" pelo Ministério da Educação continuam abertas e sequer se aprimoraram. As mesmas cometeram o abuso de receber as mensalidades dos alunos sem lhes oferecer aulas práticas ou teóricas. Tal falta gravíssima, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, atribuiu como caso a ser denunciado ao Procon. Em nenhum momento se debateu a melhoria das condições de trabalho nos hospitais do SUS. Prometem, sim, aumentar o número de faculdades. Mas, e a infraestrutura? Hoje, a maioria esmagadora das instituições privadas se utiliza desses hospitais para treinar alunos. Será que as faculdades também vão construir hospitais de qualidade para que alunos das universidades públicas possam estagiar?
Seguindo as novas - e descabidas - medidas do governo para a Saúde, esses mesmos estudantes terão de acrescentar dois anos na sua formação, sem preceptoria presencial e enfrentando as péssimas condições de trabalho que o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro denuncia constantemente. A falta de infraestrutura para atendimento, a carência de concursos públicos com salários dignos e de uma carreira de Estado que os médicos brasileiros enfrentam serão atraentes para os estrangeiros? Aliás, nada garante que, sem a revalidação de diploma, muitos destes profissionais possam, na visão do governo, exercer a Medicina sem serem médicos, conforme pudemos notar nos vetos da Lei do Ato Médico.
Como se não bastasse, a residência médica não está garantida em 2014. Nenhuma das esferas governamentais se movimenta para promover as provas do concurso que deve ser realizado no fim deste ano. Assim, mais uma instância de qualificação dos médicos está sob desmonte.
Lamentavelmente, as entidades médicas, legítima representação daqueles que atendem os pacientes no dia a dia, sequer foram consultadas. Esperamos que a população, que se encontra num momento ímpar de reivindicação por seus direitos, possa entrar e se manter nesta arca.
Por enquanto, estamos à deriva. Para onde vamos? Salve-se quem puder!
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