Jornalista Andrade Junior

sábado, 17 de agosto de 2024

Inteligência aprisionada

 ANDRÉPARIS/INSTITUTOMILENIUM


A revolução digital trouxe uma nova era de inovação e colaboração, permitindo que indivíduos e organizações de todo o mundo desenvolvam soluções tecnológicas de maneira rápida e descentralizada. No centro dessa inovação, estão os projetos de código aberto, que desempenham um papel fundamental no desenvolvimento de software, incluindo sistemas de inteligência artificial (IA).

Contudo, movimentos regulatórios têm levantado a possibilidade de impor penalidades criminais a projetos de open source em IA, o que representa uma ameaça significativa a liberdades individuais e à inovação.
open source é baseado na ideia de que, ao compartilhar o código e permitir que outros o modifiquem e aprimorem, pode-se acelerar o desenvolvimento tecnológico e criar produtos mais robustos e seguros. Essa filosofia tem sido um motor para avanços significativos em IA, como evidenciado pelo sucesso de plataformas como TensorFlow e PyTorch, amplamente utilizadas para pesquisa e desenvolvimento ao redor do mundo.

No entanto, sob a sombra de novas regulações, essa abertura e essa liberdade enfrentam um risco sem precedentes. Propostas que preveem penalidades criminais para os envolvidos em projetos de IA de código aberto por possíveis usos indevidos dessa tecnologia não apenas desencorajam a inovação, mas também impõem um medo generalizado entre a comunidade científica e tecnológica. Esse medo pode levar a uma redução drástica na colaboração aberta e, por consequência, a um retrocesso significativo na inovação tecnológica.

Tais pretensões regulatórias são profundamente problemáticas. Primeiramente, elas procuram penalizar indivíduos por condutas hipotéticas e baseadas em usos potenciais de uma tecnologia e não em ações reais concretamente conduzidas por tais indivíduos.

Economicamente, a ameaça de encarceramento pode desencorajar investimentos em startups e projetos inovadores que dependem de tecnologias de IA de código aberto. O receio de possíveis consequências legais severas poderia desviar capital e talentos para regiões com regulamentações mais amenas, prejudicando o crescimento econômico e a competitividade tecnológica de países que adotam tais políticas punitivas.
Em vez de criminalizar a inovação aberta, iniciativas como a criação de diretrizes éticas claramente definidas para o desenvolvimento e uso de IA e a criação de fóruns para o diálogo entre desenvolvedores, usuários e outros partes interessadas são mais eficazes.

Pretensões regulatórias que visam a criminalizar projetos open source não apenas sufocam a liberdade individual e a inovação tecnológica, mas também originam profundos impactos econômicos.

*André Paris é associado do Instituto Líderes do Amanhã. 










PUBLICADAEMhttps://www.institutoliberal.org.br/blog/politica/inteligencia-aprisionada/

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