por Miranda Sá Com Blog do Miranda Sá
Aceito quase como um provérbio secular, há um pensamento muito repetido mundo afora pregando a eliminação dos extremos para revelar o que é íntegro; é uma lição de Aristóteles, no seu texto “Ética a Nicomaco”. Vem do grego, “In Medio Est Virtus”, e com a tradução latina do conceito, “virtus in médium”, que significam “a virtude está no meio”.
Nesta época em que a política brasileira está conturbada por desprezo à cultura humanista e falsificação dos seus valores, a Nação sofre pela falta de lideranças com estofo de estadistas e substituídas por robôs contendo ideologias deturpadas e/ou superadas por partidos cartoriais ditos “de esquerda”.
Observadores da cena política veem apenas a movimentação da direita e da esquerda, linhas paralelas que se tocam no infinito do interesse dos seus protagonistas. Ambas rejeitam qualquer posição divergente, e negam juntas a existência de outras tendências. Afirmam-se como “ideologias próprias” sustentando não haver espaço para uma terceira via.
Diante das massas e para conquistar o eleitorado, mostram uma polarização de fachada, propagandística, garantindo para só elas o apoio para ocupar bancadas no Congresso e cargos executivos na União, estados e municípios.
Entretanto, a prática discursiva da direita e esquerda entram, porém, em contradição ao aceitar por vínculo causal, subdivisões e alianças de “centro-direita” e “centro-esquerda”.
Só dessa maneira admitem a existência do Centro. É um fato objetivo o reconhecer esta adoção filosófica presente na consciência humana que anseia por um governo baseado na razão e na justiça; e que o objetivo inarredável do desenvolvimento social é a liberdade.
Vê-se, então, que o espectro político esquerda-direita é a limitação das opções por imposição conceitos totalitários, enquanto a vocação do centro amplia a ideia de liberdade, reivindicando um Estado-Providência para atender as necessidades básicas do povo, e diminuto, restrito a coordenar a vida social, distribuindo a Justiça e regulando a segurança pública.
Assim, queiram ou não queiram os extremistas, o mapa das posições políticas se amplia com a extrema direita, direita, centro-direita, centro, centro-esquerda, esquerda e extrema esquerda. Isto é um fato concreto, inegável.
Fica desta maneira reconhecido o Centro Democrático ou Centro Liberal, como uma força ideológica no prisma político. Não é um rotulo e muito menos uma sigla partidária; é a expressão da aceitação de um ideário progressista adotando doutrinas filosóficas e éticas que levem ao desenvolvimento econômico.
O “centrismo” sincretiza igualmente, sem preconceito, princípios da direita e da esquerda, embora se assumindo sempre como uma “terceira via”. “Uma” porque admite a existência de outras, ao contrário das posições extremistas.
A transformação da sociedade, da economia e da política é a ideia sustentada pelo Centro para a conquista do progresso numa sociedade livre, justa, solitária e democrática. Advoga uma reforma que alcance os poderes executivo, judiciário e legislativo, livrando-os dos vícios ocasionais, mas mantendo-lhes a independência.
Estabelecida esta harmonia estatal, requer também um sistema fiscal com impostos diretos e progressivos, impedindo qualquer privilégio tributário e tendo a sua aplicação transparente para combater a corrupção.
Finalmente, para o Centro Liberal o Estado existe apenas para garantir o direito à vida, à liberdade e ao direito da propriedade. Com tais fundamentos – que alguns consideram utópicos –, não podemos nos envergonhar por defende-lo.
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