CELSO MING ESTADÃO
Nas próximas semanas se saberá o que não terá passado de esperneio e o que o PT e o ex-presidente Lula de fato farão a partir de tudo o que aconteceu e ainda está para acontecer. A pré-candidatura Lula não só está mantida, como foi proclamada como reação oficial contra as decisões da Justiça.
Recusar um plano B e manter a candidatura a qualquer custo esbarram com importante obstáculo. O PT terá de construir alianças, não só para a candidatura à Presidência da República, mas, também, para as campanhas para governadores e membros do Congresso. Além de questionar a função institucional do Poder Judiciário, a insistência na insubordinação tenderá a criar indefinição e insegurança, fatores que tendem a prejudicar qualquer estratégia eleitoral.
Enquanto Lula permaneceu como pré-candidato relevante, alguns dos chefes políticos do Norte e do Nordeste se reaproximaram do PT. Aconteceu, por exemplo, com José Sarney (MDB-AP), com Eunício Oliveira (MDB-CE), com Renan Calheiros (MDB-AL) e Jader Barbalho (MDB-PA). Esses e outros políticos tenderão agora a tomar outro rumo. Não têm por que se atrelar à carroça do PT em seus Estados, se não houver candidatura firme, invulnerável a injunções de qualquer natureza. Até mesmo partidos de esquerda, historicamente ligados ao PT, como o PCdoB e o PDT, já estão lançando candidatos próprios. Agem como se não pudessem mais contar com a força eleitoral de Lula.
A candidatura de Jair Bolsonaro, que é de confronto com o PT e com as esquerdas, também parece perder com o provável impedimento de Lula. Em princípio, o centrão sai fortalecido, mas com quantos candidatos e com que alianças? Nas próximas semanas, os analistas políticos se desdobrarão para avaliar outras consequências do jogo sucessório.
A grande dificuldade para garantir solidez para a candidatura de Lula não é a única consequência dessa nova decisão judicial. É provável que fiquem enfraquecidos importantes pontos de vista da atual oposição sistemática ao governo. Entre eles podem estar a resistência à privatização e intensificação das concessões de serviços públicos; as pressões para revisão da reforma trabalhista; e a rejeição a qualquer mudança nas regras da Previdência Social. Talvez esse enfraquecimento de posições não seja relevante para definição de candidaturas e de programas eleitorais, mas pode tornar-se importante para a agenda deste resto de governo Temer.
Ou seja, a partir do momento em que fica inviabilizada forte candidatura que atraia as atuais forças de esquerda, todas as bandeiras sistemáticas da oposição também tendem a se enfraquecer.
A única razão para que isso não aconteça é a já conhecida incompetência do governo e das forças de centro para garantir eficácia a qualquer projeto mais parrudo destinado a dar solidez aos fundamentos da economia e ao desenvolvimento do País.
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