por Dom Fernando Arêas Rifan.
“Estamos perdidos
há muito tempo... O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os
costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada. Os caracteres
corrompidos. A prática da vida tem por única direção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não
seja escarnecida. Ninguém se respeita... Ninguém crê na honestidade dos
homens públicos... A classe média abate-se progressivamente na
imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos
são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua
ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste
rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte, o
país está perdido! Algum opositor do atual governo? Não!”(Eça de Queirós, ano 1871).
Segundo Aristóteles, “o homem é por natureza um animal político,
destinado a viver em sociedade” (Política, I, 1,9). Política vem do
grego pólis, que significa cidade. E, continua Aristóteles, “toda a
cidade é evidentemente uma associação, e toda a associação só se forma
para algum bem, dado que os homens, sejam eles quais forem, tudo fazem
para o fim do que lhes parece ser bom”. E Santo Tomás de Aquino cunhou o
termo bem comum, ou bem público, que é o bem de toda a sociedade,
dando-o como finalidade do Estado.“A comunidade política existe... em vista do bem comum; nele encontra a sua completa justificação e significado e dele deriva o seu direito natural e próprio. O bem comum compreende o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição” (Gaudium et Spes, 74). Daí se conclui que a cidade – o Estado - exige um governo que a dirija para o bem comum. Não se pode separar a política da direção para o bem comum. Procurar o bem próprio na política é um contrassenso.
Como cristãos, nós sabemos que a base da moral e da ética é a lei de Deus, natural e positiva, traduzida na conduta pelo que se chama o santo temor de Deus ou a consciência reta e timorata. Uma vez perdido o santo temor de Deus, perde-se a retidão da consciência, que passa a ser regida pelas paixões. Uma vez abandonados os valores morais e os limites éticos, a sociedade fica ao sabor das paixões desordenadas do egoísmo, da ambição e da cobiça.
* Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
* http://domfernandorifan.blogspot.com.br/
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