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10:10
ANDRADEJRJOR
Pivô de esquema cita ex-auxiliar de Mercadante
Interceptações telefônicas da Operação
Fratelli - missão integrada da Polícia Federal e do Ministério Público -
indicam relações próximas de um ex-assessor do ministro Aloízio
Mercadante (Educação), Félix Sahão, com o empreiteiro Olívio Scamatti,
apontado como chefe de uma organização criminosa que fraudou licitações
em 78 prefeituras da região noroeste do Estado de São Paulo.
Filiado ao PT, Félix trabalhou no gabinete de Mercadante no Senado
entre 2005 e 2010. Atendia prefeitos em busca de recursos de emendas
parlamentares. Os grampos da PF captaram uma conversa, de 13 de agosto
de 2010, às 10h45, na qual o empreiteiro - preso há uma semana - sugere a
seu interlocutor, César, que em Brasília procure uma mulher chamada
Rosângela. "Ela trabalha com o Félix do Mercadante", diz Scamatti. Cinco
minutos antes, ele caiu no grampo com a própria Rosângela e
apresentou-se a ela como "amigo do Félix". ...
Félix, professor universitário, hoje sócio da Nova TV, de Catanduva,
foi prefeito da cidade por dois mandatos, entre 1997 e 2004. No ano
seguinte, Mercadante o nomeou assessor. Félix ficou no cargo até 30 de
junho de 2010, quando saiu para candidatar-se a deputado federal -
recebeu 42.577 votos, mas ficou na suplência.
Os arquivos da Justiça Eleitoral mostram que duas empresas de Scamatti
estão entre as maiores doadoras da campanha do ex-assessor de
Mercadante. A Demop doou R$ 50 mil. A Scamvias, mais R$ 50 mil. A PF
sustenta que a Demop e a Scamvias são as principais beneficiárias do
esquema de corrupção.
A PF não acusa Mercadante nem Félix de envolvimento com o grupo. Mas as
citações ao ex-assessor do petista constam dos autos e revelam sua
ligação com Scamatti.
"(As doações) estão registradas, portanto absolutamente legais, de
acordo com as regras do nosso País e a Demop não era investigada",
afirma Félix. "Quando o Aloízio me convidou para trabalhar no gabinete,
eu já o conhecia da política, da militância do PT. Fui coordenador do
Sindicato dos Professores. Ele me pediu para trabalhar com lisura e
transparência."
Sua função, diz, era atender políticos. "Eu ficava numa sala do
gabinete do senador e atendia muita gente, prefeitos e vereadores. Dava
orientação, passava um pouco da minha experiência na administração,
sempre de portas abertas. Todos ficavam à vontade. Não tinha conversa
reservada. Era tudo muito republicano, como o Aloízio queria. Ele mesmo
não tinha tempo para dar esse atendimento, estava empenhado com demandas
maiores do País."
Félix conta como encaminhava as solicitações. "A gente priorizava a
saúde. Os prefeitos buscavam emendas para equipamentos hospitalares,
medicamentos, construção de postos médicos,
ambulâncias. A gente dividia as emendas em valores maiores para a
saúde, depois a agricultura. Vinha (recursos) do Ministério das Cidades.
Daí para frente eu não tinha mais ingerência. A fiscalização (sobre o
uso do dinheiro das emendas) não era meu papel."
Félix diz que não sabe quem é Rosângela - citada no grampo - e que "não
é capaz de se lembrar" se algum dia recebeu Scamatti no gabinete de
Mercadante. Afirma que não lembra como conheceu o empreiteiro. "Não
tenho condição de te responder isso." As informações são do jornalO
Estado de S. Paulo.
Por Fausto Macedo e Fernando Gallo
Fonte: Jornal Estado de São Paulo
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