Guarda-roupa: aprenda a combinar peças e evite o desperdício
Por KARINA COSTA“Eu não tenho roupa para vestir!” Quantas vezes cada um de nós não pronuncia essa frase, mesmo com um guarda-roupa repleto de opções? Segundo uma pesquisa de uma ONG britânica, publicada em julho de 2012, as famílias inglesas não utilizam cerca de 30% das roupas e acessórios que possuem. E a realidade dos consumidores do Reino Unido não é muito diferente da nossa no Brasil. “Aqui, o consumo com vestuário representa 5,5% do orçamento familiar, porcentagem maior do que o investimento em escolaridade, segundo dados do IBGE. E as mulheres brasileiras, principalmente, mais do que as famílias inglesas, chegam a não usar mais do que 1/3 do guarda-roupa, pois compram peças que nunca serão vestidas ou serão usadas pouquíssimas vezes”, afirma a consultora de moda, imagem e etiqueta, Ana Vaz.
A realizadora da primeira pesquisa, a ONG WRAP – Working Togheter for a World Without Waste (Trabalhando juntos por um mundo sem desperdício), faz um trabalho de incentivo para o consumo consciente e a diminuição do desperdício. No Brasil, é possível que as mulheres também gastem menos com roupas e acessórios ao mesmo tempo em que vistam-se bem, de acordo com a especialista. “As mulheres precisam experimentar mais as possibilidades de montar looks com as peças que já têm no guarda-roupa. Muitas delas gastam mais de R$ 700 em um único look, entre roupas e acessórios. Vale a pena comprar com mais consciência e procurar diversificar o uso das peças adquiridas”, completa Ana.
Segundo a consultora, “se considerarmos uma composição com parte de cima, de baixo, casaco e sapatos comprados a 150 reais cada, mais cinto e colar a 50 reais cada, e brinco a 30 reais, teremos um total de 730 reais em um único look. O que elas não prestam a atenção é que, com cada peça, é possível criar pelo menos 3 combinações diferentes”. E faz uma conta interessante: “Se usarmos calças e saias como ponto de partida para criar looks completos, utilizando 10 destas partes de baixo e criando 3 looks distintos com cada uma delas, chegamos a 30 produções diferentes e a uma soma de mais de R$ 20.000 em looks, caso saíssemos para comprar um único look por uma média de R$ 700. É a ideia de ‘comprar’ novos looks usando as velhas peças! Possuímos verdadeiros tesouros em nossos guarda-roupas e não sabemos”, destaca.
“O fast fashion mudou muito o comportamento de compras das mulheres e estamos descartando antes do que deveríamos, damos pouca chance para a roupa. A gente exercita pouco a liberdade, fica presa a muitos paradigmas, o ‘não pode isso, não pode aquilo, se eu fizer isso tá errado’. E existem paradigmas que durante o tempo foram impostos pela moda, mas hoje em dia precisamos levar isso menos a sério, pois senão engessamos tudo o que temos no guarda-roupa e acabamos não usando nada”.
De acordo com Ana Vaz, as mulheres precisam se dar a liberdade de exercitar a moda e não deixar a peça ‘trancada’ numa só produção. “Não há uma técnica de look certo ou errado para todos, mas a mulher que tem um olhar mais livre aproveita mais as roupas do armário. Ela não é obrigada a saber de imediato o motivo pelo qual não usa algo, mas vale analisar as peças, entender seu estilo próprio, se a peça a representa e retirar aquilo que não a faz se sentir bonita. Pode ser uma cor que não favorece o tom de pele ou mesmo um modelo que acaba ressaltando um ponto negativo de seu corpo”, argumenta. “Além de evitar desperdícios, é preciso encontrar a multifuncionalidade das peças, de acordo com o que cai bem no corpo. Isso pode e deve facilitar a vida da mulher moderna, que é capaz de assumir diversos compromissos ao longo do dia com apenas uma combinação de roupas”, complementa.
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