“Sem
luta de classes, sem hostilidade aos ricos, sem violação desonesta ou
injusta do direito de propriedade, mas uma disposição constante de
melhorar a condição das classes menos favorecidas pela sorte”.
Giuseppe Mazzini, carbonário e fundador do movimento Giovane Italia.
Giuseppe Mazzini, carbonário e fundador do movimento Giovane Italia.
O
lema do movimento profundamente anticlerical fundado por Mazzini em
1831 era "Deus é o povo". A visão política de Alessandro Mussolini, pai
do futuro Duce, era uma combinação do anarquismo de Carlo Cafiero e
Mikhail Bakunin, o autoritarismo militarista de Giuseppe Garibaldi e o
nacionalismo extremo de Mazzini. Benito, influenciado por seu pai,
colocava Mazzini no topo de uma lista de libertários, anarquistas e
socialistas utópicos, lista que incluía Proudhon, Bakunin, Fourier,
Saint Simon e Owen. Mazzini defendia que a mobilização das massas
deveria ocorrer pela incessante doutrinação destas por pequenos grupos
de conspiradores que, pela constante repetição despertaria e colocaria
as forças populares em movimento. Mussolini aproveitou bem estas idéias
quando criou os fasci de combattimento, no que foi emulado por Lenin e Trotsky na organização dos soviets e Hitler com as Sturmabteilungen.
Outro
que sofreu grande influência de Mazzini foi Antonio Gramsci, para
formular seu conceito de ‘revolução passiva’, categoria fundamental que
utilizou para compreender a formação do Estado burguês moderno na
Itália. O conceito de “revolução passiva”, “revolução-restauração” ou
“transformismo” foi trabalhado por Gramsci em sua obra Il Risorgimento.
Para ele, o movimento conhecido como Risorgimento pode ser definido
como formação das condições concretas, incluindo as relações
internacionais, que possibilitaram a unificação do Estado italiano a
partir da união das forças nacionais. Queria um movimento que fosse
capaz de utilizar o Estado para realizar a transformação nacional, o que a burguesia não tinha feito. Assim, Gramsci traz à tona duas questões fundamentais para discussão do marxismo: o papel das elites e a função das alianças de classe.
No Brasil foi feito um esforço de autores como Leandro Konder (ver O Imbecil Coletivo
de Olabo de Carvalho), Carlos Nelson Coutinho, Luiz Werneck Viana e
outros tentando trazer à discussão o conceito leninista de revolução
como uma possibilidade de interpretação da constituição do modelo
moderno de capitalismo brasileiro (2).
Brasil: 1985-1994
“Um sistema fascista é caracterizado pela partilha do poder entre um partido dominante e uns quantos grupos econômicos, pela uniformização ideológica da sociedade, pela constante intimidação das oposições e pelo controle estatal da vida privada.”
Olavo de Carvalho
“Um sistema fascista é caracterizado pela partilha do poder entre um partido dominante e uns quantos grupos econômicos, pela uniformização ideológica da sociedade, pela constante intimidação das oposições e pelo controle estatal da vida privada.”
Olavo de Carvalho
“A burguesia está podre no seu âmago. Não tem mais idealismo nem princípios e está preocupada apenas em ganhar dinheiro.”
Adolf Hitler
Adolf Hitler
A
partir das Leituras de Gramsci (1985), Coutinho compreende que o
conceito, de “revolução passiva” trabalhado por Gramsci complementa o
que estava faltando na teoria leninista (os aspectos supra-estruturais).
Não é de estranhar que as leituras de Gramsci tenham se iniciado neste
ano: como comunistas, Konder, Coutinho, Viana et caterva receberam
ordens de Moscou para mudar radicalmente o rumo do processo
revolucionário brasileiro. Na verdade não compreenderam nada por si
mesmos, pois são incapazes de pensar se não receberem as devidas
palavras de ordem. Exatamente em 1985 começaram a tomar forma as reformas Perestroika (Re-estruturação) e Glasnost (Transparência) implantadas por Gorbachev na URSS. Em 1987 ele publica seu livro (3), muito pouco lido, embora a palavra em si tenha se transformado em mais um vocábulo da língua de pau,
que todos aceitam pelo seu apelo emocional sem se dar conta de que, já
no primeiro capítulo, o autor esclarecia que o processo era ‘um retorno a Lenin como fonte ideológica: As
obras de Lenin e seus ideais socialistas permaneceram conosco como
fonte inesgotável de pensamento dialético criativo, riqueza teórica e
sagacidade política’ (p. 25). Em 89 cai o Muro de Berlim e o mundo livre respirou aliviado: o comunismo acabou!
Este
estudo, que será aprofundado, tratará do processo de assalto ao poder
por uma nova classe auto-denominada elite intelectual que se arroga uma
sabedoria acima da do comum dos mortais e que, portanto, sabe o que é
melhor para o mundo. Geralmente se aproveitam do estado democrático e
das liberdades públicas para pôr fim às mesmas e estabelecer um regime
em que se perpetuam no poder. Pouco importa aqui, os rótulos comumente
usados como ‘comunismo’, ‘fascismo’, ‘autoritarismo’ ou outros. Pouco
importa também se são ou não mantidos os simulacros de um estado
democrático, como a existência dos três poderes, eleições regulares e
processos legais e algum grau de liberdade econômica, ao menos na
aparência. Importa, sim, detectar os passos no sentido da formação e
tomada de poder por parte desta nova classe de dirigentes que se dispõem
a empregar a engenharia social para transformar a própria consciência
da população, e quais os métodos empregados.
Notas:1 - Gleichschaltung é a coordenação, sincronização e uniformização de todos os aspectos da sociedade e sua conformação com os desígnios da Nova Ordem. O termo Gleichschaltung é usado para significar o processo pelo qual o nazismo conseguiu estabelecer um efetivo sistema de controle totalitário.
2 - Antonia de Abreu Sousa, 'O Conceito Gramsciano de "Revolução Passiva" e o Estado Brasileiro' em http://www.revistalabor.ufc.br/Artigo/volume3/conceito_gramsciano.pdf (Konder foi acrescentado por mim).3 - Mikhail Gorbachev, Perestroika: Novas Idéias para o Meu País e o Mundo, Best Seller, São Paulo, 1987
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