Jornalista Andrade Junior

quarta-feira, 12 de março de 2025

A ajuda externa enriquece os ricos enquanto empobrece os pobres

 Por Thomas DiLorenzo


Se há algo que aprendemos com o estado de bem-estar social americano, é que, desde o início, ele criou um problema de risco moral: pagar pessoas para não trabalharem as incentiva a abandonar a força de trabalho e permanecer na pobreza. Isso é conhecido como a "armadilha do bem-estar social". Grande parte da chamada "ajuda externa" não é diferente; trata-se apenas da internacionalização dessa armadilha.

O livro Prosperity versus Planning: How Government Stifles Economic Growth [o título pode ser traduzido como: Prosperidade vs. Planejamento: como o governo freia o crescimento econômico], de David Osterfeld, fornece muitos exemplos claros disso. Por exemplo, após o governo dos EUA "adquirir" a Micronésia no final da Segunda Guerra Mundial, "o povo da Micronésia passou a receber comida, roupas e outros suprimentos gratuitos. O resultado foi a falência de muitas lojas locais e a destruição do incentivo ao trabalho", pois "os micronésios preferiam aceitar os benefícios gratuitos e, muitas vezes, desnecessários, evitando assim o esforço e o sacrifício necessários para um verdadeiro progresso econômico". Existem centenas de outros exemplos semelhantes a esse.

Como a ajuda externa é enviada para governos estrangeiros, muitas vezes esses governos embolsam o dinheiro ou vendem os bens recebidos nos mercados internacionais para enriquecer. Durante a fome na Etiópia, nos anos 1970, o governo vendeu os alimentos doados enquanto milhares morriam de fome, mas gastou US$ 200 milhões para celebrar a revolução marxista do país. Eles até cobravam uma taxa de atracação de US$ 50 por tonelada dos navios que entregavam "ajuda alimentar" e impediam a entrada de qualquer embarcação que se recusasse a pagar.

O tipo de "ajuda" oferecida muitas vezes é inútil porque são burocratas do governo, e não empreendedores, que tomam as decisões de investimento. Os burocratas da ajuda externa substituem os julgamentos e preferências dos consumidores, que guiariam os empreendedores no livre mercado, por suas próprias suposições aleatórias. Osterfeld cita como exemplos típicos refinarias de petróleo gigantescas em países sem petróleo e silos de grãos inacessíveis para os agricultores.

Quando fabricantes americanos enviam tratores e outros equipamentos para países menos desenvolvidos, pagos com fundos de ajuda externa, são as corporações que se beneficiam, e não os destinatários da ajuda. Como toda empresa de manufatura tem uma porcentagem de produtos defeituosos, esses são frequentemente os que acabam sendo enviados para o exterior, gerando ressentimento nos países que recebem esses produtos de baixa qualidade.

Como a ajuda externa é distribuída de governo para governo, o efeito prático é a centralização ainda maior do poder estatal nos países beneficiários. A política passa a ser um caminho cada vez mais atraente para obter dinheiro, em vez do trabalho, da poupança, do investimento, da aprendizagem de habilidades comercializáveis e do empreendedorismo. Isso amplia significativamente o espaço para a busca de privilégios e corrupção.

O envio massivo de grãos por meio de programas de ajuda externa reduz os preços a um nível tão baixo que inúmeros agricultores vão à falência e são forçados a migrar para cidades já saturadas de desemprego, na esperança de encontrar alguma forma de sustento. Só Deus sabe quantas pessoas em países pobres já morreram de fome por causa dessa "generosidade". Assim como ocorre na indústria, os grandes agricultores corporativos americanos se enriquecem ao se livrar de seu excesso de produção (pago pelo governo), enquanto pessoas em países pobres sofrem e morrem em consequência disso.

Os burocratas da ajuda externa nas Nações Unidas, amplamente financiados pelos contribuintes americanos, vivem de forma luxuosa às custas do dinheiro público. Osterfeld menciona casos de burocratas individuais que gastam, por exemplo, US$ 60 mil por ano em serviços de limusine e US$ 100 mil por ano apenas em água gelada. Milhões de dólares são gastos em viagens internacionais, raramente para países empobrecidos, mas sim para “seminários sobre pobreza”, que costumam ser realizados em hotéis de luxo em locais turísticos.

Uma agência da ONU chamada Organização Educacional, Científica e Cultural rotineiramente gasta milhões anualmente com essas viagens, enquanto oferece migalhas para os países pobres apenas para “justificar” todo esse desperdício. Em um determinado ano, destinou apenas US$ 7.200 para o desenvolvimento curricular no Paquistão e míseros US$ 1.000 para treinamento de professores em Honduras.

O tipo mais perverso de ajuda externa americana é a “ajuda” militar, que não apenas empobrece, mas mata centenas de milhares de pessoas ao redor do mundo, como se vê hoje claramente em Gaza. A verdadeira grandeza americana seria melhor atendida abolindo toda a ajuda externa e deixando tais questões para instituições de caridade privadas e indivíduos.

 

Este texto foi originalmente publicado no Mises Institute.

































PUBLICADAEMhttps://mises.org.br/artigos/3551/a-ajuda-externa-enriquece-os-ricos-enquanto-empobrece-os-pobres

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