J.R. Guzzo -
O suicídio de uma jovem com histórico de depressão, levada ao desespero por ler mentiras sobre sua intimidade na internet, revelou um dos aspectos mais sórdidos do governo Lula na ofensiva que faz há um ano pela imposição as censura nas redes sociais. O escalado para comandar o pelotão de fuzilamento, desta vez, foi o ministro dos Direitos Humanos.
Falando em nome coletivo oficial, com uma colega no papel de coadjuvante, ele não disse uma única palavra de reprovação para o autor da injúria fatal.
Despejou toda a sua indignação contra as grandes empresas que operam as plataformas de comunicação digital – são elas, em sua análise, que mataram a moça e, portanto, têm de ser submetidas ao controle do Estado. É mais um avanço nos pensamentos que o governo tem sobre o assunto.
Agora, em sua doutrina, o culpado pelo crime não é quem matou, mas sim quem fundiu o aço usado na produção da arma.
Existe, claro, uma excelente razão para o ministro dos Direitos Humanos ocultar o nome dos responsáveis pela publicação das infâmias que causaram o suicídio da vítima: eles operam um site do esgoto digital que trabalhou para a campanha presidencial de Lula. Receberam dinheiro para fazer isso.
Um deles foi convidado por Janja da Silva a subir num carro de som que comemorava, em São Paulo, o anúncio do TSE sobre o resultado da eleição.
Em vez de denunciar o que fizeram, porém, o ministro jogou a culpa nas “grandes multinacionais” da internet e da sua ganância por lucros. As somas que o site recebeu de Lula, por serviços prestados à campanha, não são “ganância”; só existe culpa nas redes sociais, segundo a visão oficial, se os culpados não forem a gente.
No caso, a providência óbvia a tomar em relação aos acusados está no Código Penal, nos crimes que definem a difamação e a injúria, e no resto da legislação civil. Não tem nada a ver com “grandes empresas”. Não tem nada a ver com censura das redes sociais.
O ministro dos Direitos Humanos disse que defende a “regulamentação das redes sociais”, nome que dão para a censura, em nome do “processo civilizatório”. O ministro, e todo o governo Lula, estão pouco ligando para o processo civilizatório.
O que ele quer, mesmo, é proibir as pessoas de dizerem na internet que não confiam nas urnas eletrônicas do TSE – ou que Lula apoia ditaduras, ou que foi condenado como ladrão em três instâncias, e por aí até o infinito. O ministro não está interessado em punir milicianos como os que levaram ao suicídio da jovem. Se estivesse, teria pedido sanções contra eles.
Mas não. Os sites pagos pelo governo podem continuar fazendo tudo o que fazem; quem não pode falar é você.
J.R. Guzzo, Gazeta do Povo
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