Percival Puggina
Ao que vejo e ouço das mais altas autoridades nacionais e de todos os setores de influência que dominam o ambiente cultural brasileiro, inclusive o da minha Igreja Católica, deveríamos buscar abrigo em alguma ONG preservacionista. Alguém dirá que incorro em exagero, mas não. Querem nos extinguir.
Em 18 de janeiro, o presidente da República proclamou à Globo News, e em 29 de junho reiterou ao Foro de São Paulo, sua vitória sobre o discurso da pátria amada, da religião, da família e dos valores. O que torna a situação mais dramática é que isso se dá com a aquiescência e a colaboração dos que, sem perceberem o tamanho da encrenca, estimulam o processo de eliminação desencadeado sobre si. Acionam, eles mesmos, os gatilhos das metralhadoras culturais que seus predadores usam para os destruir.
Pertenço à espécie dos conservadores e liberais, sendo a segunda condição, a de liberal, delimitada pelos princípios da primeira. Como tal, sou pela liberdade, pela ordem e pela justiça. Não gosto que invadam o que é meu nem o que é dos outros. Defendo a instituição familiar e os valores do cristianismo. Toda injustiça contra alguém me agride pessoalmente. Amo meu país. Atribuo importância à ordem para que haja progresso. Julgo que as mulheres são credoras naturais da cortesia masculina. Entendo que perverter a inocência das crianças é crime contra a humanidade. Afronta-me a violência e seu uso em substituição ao processo político e democrático. Sou contra as utopias, a incorreção do “politicamente correto” e creio que as mudanças sociais devem ser produzidas no contexto das instituições, preservando-se o que tem comprovado valor e utilidade.
A história me ensina que é de tais conteúdos e condutas que provêm bons fundamentos para a paz, o progresso, a harmonia social e a democracia. É neles que se inspiram os maiores estadistas da humanidade. Sou conservador e percebo, contristado, que, colocando-se ao gosto da moda e cedendo ao impacto da cultura imposta pelos nossos predadores, muitos que pensam da mesma forma reproduzem, inocentemente, o discurso que os condena à extinção.
Agora, por exemplo, é Natal. Tem certeza? Olha que ando por aí e só vejo trenós, constelações de estrelas, toneladas de algodão, multidões de papais-noéis, pilhas de caixas embrulhadas para presente. O que, mesmo, estão a festejar? Em toda parte, é a mesma coisa, não há presépios ou mensagens que lembrem o fato que faz a festa: o nascimento de Jesus. Pior, há um visível antagonismo frontal às manifestações exteriores sobre a verdadeira natureza da celebração. É como se o nascimento do Menino do presépio fosse um fato inconveniente e agredisse a sensibilidade das pessoas.
Não obstante, como eu sei que é Natal e sou conservador, insisto em desejar aos leitores que ele ganhe, em seus corações, o sentido almejado por Deus em sua radical e santificadora intervenção na História humana.
* A imagem que ilustra este artigo é do presépio Bourbon em 360º do Palácio Real de Caserta (Nápoles), onde ocupa um salão inteiro.
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