por Percival Puggina.
Livre, Lula se tornou novo problema do PT. Egresso da carceragem da PF de Curitiba, resta-lhe uma estatura política muito menor do que tinha quando sitiado no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Ele rendia mais preso do que solto.
Lula e o grupo de partidos na órbita do PT, que quanto mais tentam dele se dissociar, mais parecidos com ele ficam, inclusive no eterno mau humor, cometeram o equívoco de imaginar que a bajulação internacional guarda alguma relação com o prestígio de seu mito privado junto ao público. Não é assim. O aparelho esquerdista mundial é um aparelho publicitário ativo, mas não influente de modo homogêneo na política interna das nações. Parcela significativa da sociedade brasileira teve tempo para ajustar o foco e entender o quanto o país perdeu e se perdeu enquanto a corrupção se institucionalizava, a ordem era desprezada, a liberdade abusada e a responsabilidade extraviada nos meios de influência e na vida social. É sabido: a corrupção luta nos tribunais, mas se afastou da tesouraria.
Outro equívoco do lulopetismo foi imaginar revertendo em seu benefício o antagonismo que boa parte da mídia convencional esbanja contra Bolsonaro. Não há qualquer evidência de que isso possa acontecer depois de ficarem tão expostas as vísceras dos sistemas criminosos instituídos pela corrupção no país.
Em tal cenário, nada mais relevante e benéfico aconteceu entre nós, nos últimos 35 anos, do que a Lava Jato, Sérgio Moro, Paulo Guedes e Bolsonaro. As lições disso decorrentes ainda levarão alguns anos para impregnar as instituições nacionais e fazer do Brasil uma democracia não apenas formal. São comuns, entre nós, referências ao Estado Democrático de Direito como se vivêssemos num. Grave equívoco a que se chega diante da mera existência de eleições periódicas e da operação das instituições de Estado. Ora, eleições e instituições de Estado existem, igualmente, em Cuba, Venezuela e em outros totalitarismos. Elas são necessárias para a democracia, mas não são, por si só, causa eficiente, suficiente, da democracia.
Há, no Brasil, um déficit democrático que se manifesta, por exemplo, quando o Congresso arrosta a opinião pública, legisla em causa própria e encobre os maus passos de seus membros; quando o Senado se acumplicia com o STF para descumprirem seus deveres de fiscalização mútua; e quando as pautas de Sérgio Moro batem, sempre, na acolhedora trave da impunidade. Do Brasil se pode dizer que vivemos num Estado de Direito, onde as coisas são, mais ou menos, regradas por uma Constituição. Bem nos serviria que essas instituições fossem racionais e, por essa via, efetivamente democráticas.
Em “Nabuco e a reorganização teórica do Império”, João Camilo de Oliveira Torres escreve:
“Nas épocas da decadência e decomposição, o tribuno do povo chama-se demagogo e procura condicionar a vontade para fins baixos e pessoais, para fins criminosos e antipatrióticos”.
Essa é uma definição precisa da carreira política do ex-presidiário de Curitiba. Seu partido conferiu caráter orgânico à corrupção, enfermando moralmente as principais legendas políticas do país; devastou as finanças nacionais jogando-nos na mais danosa recessão da história. O Brasil vive a situação de um país pós-guerra, sem outra guerra que não aquela proporcionada por meios e fins criminosos e antipatrióticos.
Quem tiver alguma dúvida sobre isso, ouça as falas de Lula e os discursos de seus representantes em Brasília. São bem explícitos quanto à saudade que sentem de seus fracassos.
EXTRAÍDADEPUGGINA.ORG
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