por Samir Keedi.
Há décadas defendemos que o rodoviário é o modo de transporte mais caro que existe. Acima do aéreo. A priori, ficam todos surpresos. A ideia geral é considerar o aéreo o mais caro.
Enquanto sempre se considerou que havia apenas uma categoria de custos, era verdade. Começamos a disseminar a ideia que havia outra categoria de custos, que tornava o rodoviário o mais caro.
Antes se considerava apenas o que chamamos de custos visíveis, quais sejam, custo do veículo, depreciação, manutenção, custos operacionais, estrutura, etc.
Mas, há outra categoria de custo nunca considerada. De custos invisíveis. Estavam lá, mas não eram vistos e computados. Ou seja, um frete indireto sobre o produto, não considerado no preço de venda, pois pago antes da compra.
Assentamos esses custos invisíveis do rodoviário em três pernas. Utilização de estradas e vias públicas em geral, sem pagamento pelo uso. Produtividade do trabalhador. Poluição ambiental.
A primeira perna é a utilização de vias públicas, que o transporte rodoviário usa de terceiros.
Bem diferente do ferroviário, que além de ter as locomotivas e vagões, tem a sua via férrea. Ou seja, transita no que é seu e tem custo direto. E ainda assim é mais barato que rodoviário.
Ao se produzir uma mercadoria, se usa matéria prima, energia, mão de obra, estrutura, etc. Aí são incluídos impostos, lucros, custos de transporte, distribuição, etc. Quando essa mercadoria chega ao ponto de venda ao consumidor, ela já recebeu os mais diversos custos e é vendida por um preço "X".
Aí se considera esse preço de venda como o pago pelo consumidor por aquela mercadoria.
Um engano. Como vimos, nenhum caminhoneiro é dono de estrada. Assim, anda na estrada do governo. O governo é o povo. Assim, ao se pagar um preço "X" pela mercadoria, ele não é o preço total, pois, antes, já se pagou impostos e os governos construíram as estradas. Fora a manutenção. No qual os veículos andaram e quase nada pagaram por elas.
Aqui nos permitimos um aparte, para não considerar os custos dos pedágios, embora caros. Pela simples razão de que temos no país cerca de 1,7 milhão de quilômetros de estradas. E "apenas" 21.000 são pedagiadas, pouco mais de 1%. Assim, não podemos considerar uma quantidade "tão pequena" como relevante. Isso ocorrerá quando 20-30% das estradas o forem. Aí não se poderá mais construir qualquer veículo rodoviário por inviabilidade econômica no transporte.
Assim, já vimos que o preço final do produto não é o pago pelo consumidor. Ele já pagou parte antes.
E temos a segunda perna, a poluição, que é mais um custo invisível. O rodoviário é o modo mais poluente. E quem paga o "conserto" do meio ambiente é a sociedade e não os transportadores.
A terceira perna é a produtividade do trabalhador. Em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, trabalhadores perdem no trânsito, facilmente, 3-4 horas por dia.
Qual a produtividade do trabalhador que saiu de casa antes do sol e chegou depois dele se pôr, não brincou com o filho? Qual a produtividade do que saiu depois do sol, chegou antes dele se pôr, brincou com o filho, tomou aquela cervejinha com os amigos? A mesma? Claro que não. Quanto o país perde com isso? E sabemos que a produtividade do trabalhador brasileiro é até quatro vezes menor que a do norte-americano.
Está claro que o preço da mercadoria pago pelo consumidor é muito maior do que aquele preço da prateleira.
Em 2014 a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro fez um estudo mostrando que o país perdia R$ 98 bilhões por ano, 2% do produto Interno Bruto pelo uso do rodoviário apenas nas cidades de São Paulo e rio de Janeiro.
Mas, isso faz do transporte rodoviário um modo ruim? Claro que não. Costumamos defende-lo como o melhor que existe. Somente ele pode fazer quase tudo sozinho, sem depender de outros modos. Com ele se pode fazer transporte para quase todo o mundo. E todos os demais dependem dele.
Assim, o problema não é o transporte rodoviário, mas, o uso que fazemos dele. Cruzamos o país de norte a sul, de leste a oeste transportando carga por ele. E ele é um veículo adequado para distribuição de carga, pequenos trajetos, auxiliar dos demais modos que quase nada representam sem ele.
Assim, precisamos mudar o uso desse veículo, e a nossa matriz de transporte, hoje talvez a pior da Via Láctea. Precisamos de mais logística, por mais trivial que seja, com a utilização da intermodalidade, e menos transporte direto com o rodoviário.
Acorda Brasil!
Enquanto sempre se considerou que havia apenas uma categoria de custos, era verdade. Começamos a disseminar a ideia que havia outra categoria de custos, que tornava o rodoviário o mais caro.
Antes se considerava apenas o que chamamos de custos visíveis, quais sejam, custo do veículo, depreciação, manutenção, custos operacionais, estrutura, etc.
Mas, há outra categoria de custo nunca considerada. De custos invisíveis. Estavam lá, mas não eram vistos e computados. Ou seja, um frete indireto sobre o produto, não considerado no preço de venda, pois pago antes da compra.
Assentamos esses custos invisíveis do rodoviário em três pernas. Utilização de estradas e vias públicas em geral, sem pagamento pelo uso. Produtividade do trabalhador. Poluição ambiental.
A primeira perna é a utilização de vias públicas, que o transporte rodoviário usa de terceiros.
Bem diferente do ferroviário, que além de ter as locomotivas e vagões, tem a sua via férrea. Ou seja, transita no que é seu e tem custo direto. E ainda assim é mais barato que rodoviário.
Ao se produzir uma mercadoria, se usa matéria prima, energia, mão de obra, estrutura, etc. Aí são incluídos impostos, lucros, custos de transporte, distribuição, etc. Quando essa mercadoria chega ao ponto de venda ao consumidor, ela já recebeu os mais diversos custos e é vendida por um preço "X".
Aí se considera esse preço de venda como o pago pelo consumidor por aquela mercadoria.
Um engano. Como vimos, nenhum caminhoneiro é dono de estrada. Assim, anda na estrada do governo. O governo é o povo. Assim, ao se pagar um preço "X" pela mercadoria, ele não é o preço total, pois, antes, já se pagou impostos e os governos construíram as estradas. Fora a manutenção. No qual os veículos andaram e quase nada pagaram por elas.
Aqui nos permitimos um aparte, para não considerar os custos dos pedágios, embora caros. Pela simples razão de que temos no país cerca de 1,7 milhão de quilômetros de estradas. E "apenas" 21.000 são pedagiadas, pouco mais de 1%. Assim, não podemos considerar uma quantidade "tão pequena" como relevante. Isso ocorrerá quando 20-30% das estradas o forem. Aí não se poderá mais construir qualquer veículo rodoviário por inviabilidade econômica no transporte.
Assim, já vimos que o preço final do produto não é o pago pelo consumidor. Ele já pagou parte antes.
E temos a segunda perna, a poluição, que é mais um custo invisível. O rodoviário é o modo mais poluente. E quem paga o "conserto" do meio ambiente é a sociedade e não os transportadores.
A terceira perna é a produtividade do trabalhador. Em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, trabalhadores perdem no trânsito, facilmente, 3-4 horas por dia.
Qual a produtividade do trabalhador que saiu de casa antes do sol e chegou depois dele se pôr, não brincou com o filho? Qual a produtividade do que saiu depois do sol, chegou antes dele se pôr, brincou com o filho, tomou aquela cervejinha com os amigos? A mesma? Claro que não. Quanto o país perde com isso? E sabemos que a produtividade do trabalhador brasileiro é até quatro vezes menor que a do norte-americano.
Está claro que o preço da mercadoria pago pelo consumidor é muito maior do que aquele preço da prateleira.
Em 2014 a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro fez um estudo mostrando que o país perdia R$ 98 bilhões por ano, 2% do produto Interno Bruto pelo uso do rodoviário apenas nas cidades de São Paulo e rio de Janeiro.
Mas, isso faz do transporte rodoviário um modo ruim? Claro que não. Costumamos defende-lo como o melhor que existe. Somente ele pode fazer quase tudo sozinho, sem depender de outros modos. Com ele se pode fazer transporte para quase todo o mundo. E todos os demais dependem dele.
Assim, o problema não é o transporte rodoviário, mas, o uso que fazemos dele. Cruzamos o país de norte a sul, de leste a oeste transportando carga por ele. E ele é um veículo adequado para distribuição de carga, pequenos trajetos, auxiliar dos demais modos que quase nada representam sem ele.
Assim, precisamos mudar o uso desse veículo, e a nossa matriz de transporte, hoje talvez a pior da Via Láctea. Precisamos de mais logística, por mais trivial que seja, com a utilização da intermodalidade, e menos transporte direto com o rodoviário.
Acorda Brasil!
Ske Consultoria Ltda
* Publicado originalmente no blogdosamirkeedi.com.br
* Publicado originalmente no blogdosamirkeedi.com.br
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