Por Percival Puggina
Em artigo com o título “Sound and fury”, publicado no Estadão, o amigo professor Francisco Ferraz, ex-reitor da UFRGS analisa as relações institucionais entre o presidente Bolsonaro e Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados. Ao final, arremata assim:
Bolsonaro tem sob controle a caneta das nomeações para muitos milhares de cargos, o talão de cheques das liberações, o sistema bancário da União, as indicações para conselhos e agências, as necessidades dos Estados e municípios, a publicidade do governo, que por certo não ficará limitada às redes sociais, a capilaridade dos órgãos dos ministérios e, last but not least, sua comunicação pessoal com eleitores, além de poder adotar decisões simpáticas e populares para reconquistar e remobilizar aqueles que o apoiam.
Não é, pois, prudente subestimar quem tem grande parte dos meios e recursos políticos que outros presidentes daRepública também tinham... sem tê-los gasto.
COMENTO
Tem inteira razão o eminente professor. E, se algo puder acrescentar, direi que ao manter intacto seu estoque de meios, o presidente revela coerência irretocável com afirmações que fez e faz. Sua gestão passará ao largo de certas práticas que a sociedade reprova.
Não deixa de ser curioso que a imprensa, seguindo na mesma toada da campanha eleitoral, esteja a criticá-lo por não usar esses meios para aprovar a reforma da Previdência. Ora vejam só! É impossível que qualquer jornalista ciente de suas responsabilidades profissionais não tenha, até este momento, tomado posição sobre esse assunto. Se o fez, conforme dele se espera, não deveria expor à sociedade sua opinião? Terá esse venerável direito seus momentos de clausura e silêncio? Haverá tópicos dos quais manter confortável distância?
Porque – sabem leitores? – uma coisa é o que as autoridades do governo dizem sobre temas que este produz e pauta; outra, bem diferente é o que manifestam comentaristas, analistas e formadores de opinião. Aliás, verdade seja dita: a mídia forma opinião no Parlamento e raramente o inverso é verdadeiro.
O país lucraria se esses cavalheiros e damas usassem mais seus espaços para o bem do Brasil do que para gotejar nos teclados, câmeras e microfones a animosidade que têm em relação ao presidente que a nação elegeu sem lhes dar olhos nem ouvidos. O bem do Brasil não vale mais do que esse ânimo? O bem do Brasil não os beneficiará também?
extraídadepuggina.org
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