Jornalista Andrade Junior

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Um governo fora de si  

   Percival Puggina


Ao revogar sua iniciativa em relação ao Pix, ao voltar atrás em seu solene compromisso com “a transparência das negociações financeiras globais”, o governo petista não caiu em si. Não! Ele está onde sempre esteve, fora de si, porque nunca esteve e jamais estará onde e com quem diz estar. Hoje senta com China, Rússia, Irã, Hamas, Venezuela, Cuba e outros que tais.


O PT é o partido de uma suposta elite intelectual, de uma suposta elite cultural e de uma suposta elite sindical. Ou seja, o grupo político que quase conseguiu hegemonizar a política brasileira não tem a menor ideia de como vive o povo que não está no mercado formal de trabalho e não se contenta com viver da miserável ajuda proporcionada pela assistência social pública.


Foi contra esses milhões de trabalhadores que um governo de burocratas de carreira decidiu agir e sente-se à vontade para fazê-lo porque sua turma é a turma do contracheque, do bom dinheiro na conta no fim do mês, preferivelmente creditado pelo Estado, esse bom patrão de quem lhe lambe os pés. Por isso e só por isso, são tantos fazendo política em tempo integral.


O governo petista agiu frontalmente contra o homem e a mulher brasileiros que se viram para proporcionar à sua família a melhor condição possível com as mínimas condições disponíveis. Mais do que qualquer outro, o brasileiro da informalidade é uma pessoa de bem que vive perto do mundo do crime e da miséria e diz não a ambos! Não quer as correntes de ouro que adornam o pescoço do bandido nem o prato vazio de quem se conformou com a indigência. Ele acorda toda manhã e vai ao mercado – esse mercado do qual o PT fala tão mal – operar em seu nicho habitual, na esquina, no ponto, na banca ou no nicho de cada dia.


Políticos e burocratas com maior ou menor poder, que deixaram a alma em algum lugar do passado, realmente não tinham a menor ideia da extensão dos danos que causariam a tantos seres humanos e ao próprio Estado. Agora, em vez de examinarem a própria consciência, esbravejam ameaças contra quem lhes apontou o erro e, como de hábito, os denunciam como culpados pelo caos que eles mesmos produziram. É para poderem agir sem contestações que precisam, tão insistentemente, de múltiplos instrumentos de censura.


Como não lembrar de Roberto Campos quando definiu o PT como o partido dos trabalhadores que não trabalham, dos estudantes que não estudam e dos intelectuais que não pensam?












PÚBLICADAEMhttps://www.puggina.org/artigo/um-governo-fora-de-si__18076

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